sábado, 27 de setembro de 2008

As *&¨% das placas, de novo

Já que a tendência agora é oferecer muito mais coisas bem baratinhas ou de graça para a população – e tudo isso sem aumentar impostos, sem novas taxas, sem pedágio urbano! – eu tenho uma nova proposta de política pública: GPS grátis para todos! Todo mundo (motoristas, motociclistas, ciclistas e até pedestres) tem o direito a ter, sem custo algum, uma daquelas maquininhas que vão explicando o caminho, baseadas em sinais enviados por satélites.

Falando sério agora, eu gostaria de saber quantas horas e litros de gasolina foram gastos enquanto eu me perdia pela cidade nessa campanha. Às vezes porque o lugar era completamente desconhecido para mim e, mesmo tendo consultado um mapa, não conseguia me localizar porque AS RUAS NÃO TÊM PLACA! Fala-se muito da imensa produção legislativa no que diz respeito a nomes de ruas (e, saibam todos, nem todos os “projetos de nome de rua” são irrelevantes, mas deixa esse assunto para depois), e mais uma vez existe uma discrepância entre a produção de leis e sua execução. Tem muita rua sem nome? Tem. Com nome repetido? Também. Mas o que mais tem é rua com nome e SEM PLACA.

No Parque Novo Mundo (ZN) ou no Jardim Capela (ZS), isso tem desdobramentos curiosos. Você pergunta para as pessoas “onde fica a rua tal?”, e elas não fazem idéia. Mesmo que morem no lugar há anos e a tal da rua seja logo ali, numa paralela. Não têm muito conhecimento, muita identificação com o lugar, não têm raiz.

É diferente de percorrer mil vezes uma rua super familiar e se surpreender ao descobrir seu nome, como às vezes acontece. As pessoas não sabem quase nada sobre o seu lugar, não é só o nome da rua – não adianta perguntar pelo Núcleo Cristão, pela Associação de Moradores, quase ninguém sabe onde é. É sintomático ver quanta gente mora em um lugar – não por coincidência, um lugar pobre, feio – e não têm referências sobre ele.

Algumas vezes me perdi pela absoluta falta de orientação. Uma noite, me enganei na saída de uma ponte na Marginal Pinheiros – coisa mais fácil, já que os acessos são caóticos e mal sinalizados – e caí na João Dias (ZS), quando queria pegar a própria marginal. E pra fazer o retorno? Uma odisséia. As ruas ao lado da avenida não seguem a menor lógica de mão e contramão. Depois de tentar várias vezes fazer uma volta no quarteirão e acabar indo para cada vez mais longe, achamos uma placa – lááá em cima – indicando retorno. E o retorno indicado também é longo, pouco prático. Se não fosse um sábado à noite e sim uma sexta de manhã, eu teria ficado muito tempo presa no trânsito – e ajudando a piorar o congestionamento.

Na Avenida Aricanduva (ZL), também erramos uma saída e penamos para encontrar o retorno. E, se não me engano, a famosa Ponte Aricanduva NÃO CHAMA Aricanduva. É que nem aquela indicação para “Ponte E. Roberto Zuccolo”, na pista expressa da marginal Pinheiros – muita gente precisa de bola de cristal para saber que essa é a Ponte Cidade Jardim (nome que aparece em outra placa, mais suja, mais feia, mais escondida). A chance de perder a entrada da Cidade Jardim e ter de percorrer à toa um pedação de marginal e ir parar na infernal Eusébio Matoso é enorme.

Ou seja, mesmo em lugares conhecidos, a chance de perder o rumo está sempre presente. Descendo a Rua do Seminário e tendo de adivinhar qual é o acesso para a Mooca, entre todas as alternativas que se abrem no semáforo. Seguindo a Washington Luis e tendo de adivinhar qual é o acesso à Vicente Rao, à Vereador João de Luca (a placa que indica o acesso não informa, e o diabo das avenidas também não têm placa nenhuma com seu nome, a não ser alguns quarteirões adiante). Descendo a Roberto Marinho e quase perdendo o rumo porque uma placa “Santo Amaro – Largo 13” indica um retorno à esquerda, mas depois do retorno não há nenhuma outra informação (eu sei que preciso virar à direita na Avenida Santo Amaro, mas e se não soubesse?)

E tem uma outra praga em São Paulo: a sinalização das praças. Realmente, nesse caso há uma festa das denominações – qualquer pedacinho de terra não-edificado numa esquina vira “Praça”. E ganha um nome – às vezes quilométrico – sem muita identificação com o entorno (ainda que o homenageado mereça virar nome de praça e tenha uma história bonita na região, as pessoas nunca vão se referir àquele lugar pelo nome dele!).

Quando surge, então, uma praça, some a identificação da rua e você perde, mais uma vez, o rumo. Mesmo que esteja no lugar mais conhecido do mundo! Uma vez, precisei ir a uma reunião na Associação dos Delegados na Avenida Ipiranga. Não sabia em que parte da rua ficava o número mil e pouco. Pois bem: chegar à Ipiranga na altura da Praça da República é ficar completamente no deserto em relação à numeração da avenida. Um absurdo!

Anteontem, tive um encontro com o SETCESP na AMCHAM. Peguei indicações precisas no Google Maps – “6 km de Avenida Santo Amaro desde a São Gabriel, direita na Antonio das Chagas, direita na Estilo Barroco, esquerda na Rua da Paz”. Que bom, facílimo!

Só que a Antonio das Chagas, que de fato é uma travessa da Santo Amaro pouco depois do Borba Gato, não “chega” até a Santo Amaro – porque na esquina tem uma praça batizada com o nome de alguém, e a Antonio Chagas fica sem nenhuma indicação de sua existência.

Bom, agora preciso sair, minha carona tocou o interfone. Talvez eu me perca mais um pouco e volte com mais histórias para contar.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Não tem como chegar lá?

Palavra do Ministro das Cidades, Marcio Fortes (PP), sobre pedágio urbano, no UOL:

"Eu sou contra, porque, se não resolver o problema anterior, as pessoas vão pagar o que for preciso para chegar ao centro. É preciso investir em metrô, em bilhetes de integração, em alternativas sem ônus. Não adianta restringir o acesso se a pessoa não tem como chegar lá. A cobrança deve ser a última coisa".

“Alternativa sem ônus”. Como se o congestionamento não tivesse ônus - pesadíssimo, aliás! E como se as pessoas SÓ usassem automóvel por falta de alternativas. A pessoa “tem como chegar lá”, sim - de ônibus, de metrô, de trem, de bicicleta, de moto, a pé ou até mesmo de táxi.

São Paulo é a cidade mais automobilizada do mundo na região central. O índice de carro por habitante é maior na região da Paulista do que no Grajaú – onde as pessoas poderiam dizer, como muito mais razão, que não têm como chegar... Onde o ônibus é pior, os intervalos são maiores, os caminhos mais difíceis.

É preciso investir em metrô, integração, etc. Mas sem desestimular o uso (abusivo, compulsivo, supérfluo) de automóveis , eles vão continuar entupindo as ruas. E pagando mais caro por isso do que a eventual tarifa de pedágio.

Já o diretor-presidente do Denatran, Alfredo Peres, “que também esteve presente ao evento da campanha "Na cidade sem meu carro", do Ministério das Cidades”, manifestou “opinião diferente da apresentada pelo ministro, no que se refere ao pedágio urbano. Peres acredita que a limitação de acesso por meio da cobrança é uma "tendência”."Nenhum político gosta de falar sobre isso, porque não seria algo receptivo pelos motoristas. Mas os municípios têm que decidir em que tipo de cidade querem viver", disse”.

Pena que ele “admitiu que “a solução tem caráter elitista, por penalizar mais a população de baixa renda”.

A população de baixa renda é penalizada pelo congestionamento, pela má qualidade do ar, pela baixa velocidade do ônibus... E, até onde se sabe, a maioria absoluta da população de baixa renda NÃO TEM CARRO. São milhões e milhões andando a pé, de bicicleta, de ônibus, trem e metrô. O pedágio urbano “penaliza” quem tem carro e o utiliza na região central, no horário de mais movimento. Que, mesmo “penalizado” pelo pedágio, sai beneficiado pela redução do congestionamento!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

De mal com o mundo

Ela insiste!

“Eu construí 100 km de corredores. Vou fazer mais de 200. Eles não construíram nenhum”. (Marta Suplicy, agora há pouco, no SPTV).

No governo Marta, foram feitos sessenta e poucos km de corredores. Os outros, inaugurados desde a gestão do Covas, passando por Jânio, Erundina e Pitta, ela reformou. Não “construiu”.

São Paulo tem hoje 120km de corredores. O Expresso Tiradentes (ex-Fura Fila, ex-Paulistão), por exemplo, foi inaugurado nesta gestão. Nos últimos meses de governo do PT, ficou completamente PARADO. Porque, segundo a Marta (no 1º. debate na Bandeirantes), ela estava gastando muito dinheiro fazendo os outros corredores (apesar de ter gastado uma fortuna nos túneis...).

E também insiste que vai fazer mais de 40 km de metrô; que apresentou, enquanto ministra, um projeto de expansão do metrô para a Copa de 2014 (como se os projetos já não existissem há décadas); diz que não há previsão de verbas para o metrô no orçamento da União, mas ela já “conversou com a Dilma” e isso pode ser resolvido por meio de uma emenda (!).

Não explica como é que São Paulo vai suportar tantas obras ao mesmo tempo (já viu o transtorno que uma delas causa?).

Calcula o custo e a duração da obra “por baixo” – e tentar fazer o metrô mais rápido e mais barato termina mal, muito mal...

E diz que pretende levar metrô “para a periferia” – Cachoeirinha, Jardim Ângela...

Parece, de novo, ignorar os projetos que já existem. E um outro “detalhe”: nem sempre essa é a melhor opção.

Alckmin, por exemplo, levou metrô até o Capão Redondo... Uma linha mal conectada às outras (que até dois meses atrás sequer funcionava aos domingos!!!). Era muito mais importante continuar com a Linha Amarela, que, pelo seu traçado, desafogaria uma parte das linhas vermelha, verde e azul – e também o transporte de superfície. Mas ele disse, em entrevista, que foi obrigado a fazer esse investimento naquela linha por imposição do Banco Mundial (ou qualquer coisa assim).

Quer dizer, são todos super fortes, corajosos, bons gestores, que fazem e acontecem. Mas a Marta não pode continuar o Fura Fila porque estava terminando os outros corredores; o Alckmin passou uma linha na frente da outra por determinação dos investidores...

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Ainda o Alckmin: quando perguntam da cratera do metrô, ele diz: “Veja bem, eu já estava fora do governo há oito meses”. Mas outro dia, em um debate, ele se orgulhou: “Nós levamos os trens da CPTM até Interlagos e Grajaú”.

Essas estações foram inauguradas ano passado. Quando, pelos seus próprios cálculos, ele já estava “fora do governo” há mais ou menos um ano e oito meses... Mas ele prefere contar como realização sua.

É naquela base dos técnicos de futebol espertinhos: “Eu ganhei, nós empatamos, vocês perderam”.

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Os trens chegaram até o Grajaú – mas, para ver como não adianta simplesmente estender o transporte sobre trilhos, levá-lo “à periferia”, olha o que está acontecendo agora: quando o trem chega à estação Santo Amaro às cinco da manhã, já vem LOTADO. É difícil embarcar.

Tem de ter transporte sobre trilhos? SIM. Na periferia? Sim, claro! Mas estender ou alargar os eixos radiais que já existem NÃO RESOLVE. Precisamos melhorar as ligações perimetrais, os anéis viários, ferroviários, as linhas de transporte coletivo entre bairros da mesma região e entre regiões (Sul-Leste, por exemplo). Precisamos diminuir as distâncias entre casa e trabalho, aumentando a oferta de moradia popular no centro e de empregos na periferia. E não podemos esquecer que o transporte é, ele mesmo, um indutor da ocupação, do crescimento. Por isso existe tanta preocupação com o Rodoanel, por exemplo. Ali na Zona Sul, é importante NÃO HAVER ligações viárias entre os bairros e essa nova estrada, porque senão as áreas verdes vão para o saco.

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O que nos traz a Paulo Maluf e sua oferta de alargar as Marginais – e pra cima dos rios.

Que adianta ter o dobro de faixas na marginal, se o resto da cidade não tiver capacidade de absorver os veículos?

E também nos traz ao que ele fez, enquanto governante, por exemplo na Zona Leste – expandindo o sistema viário de tal maneira, sem nenhuma conexão com outras medidas de planejamento urbano (providências necessárias para garantir moradia, trabalho, lazer, equipamentos de educação e saúde etc.), que a cidade se esticou feito um elástico. (E quase podemos dizer que “arrebentou” feito elástico esticado demais, porque cresceu toda desigual e desordenada).

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Enquanto isso, Kassab – que, nisso a Marta tem razão, anunciou todo feliz que o Bilhete Único passaria a valer por 3 horas, mas não incluiu os bilhetes de estudante e de Vale Transporte... – anuncia que a passagem de ônibus “não vai subir no ano que vem”.

Santo deus, vale tudo... Quem é que quer aumento de ônibus? Ninguém. Mas tem horas que não tem jeito, tem de aumentar para não arrebentar o sistema – isto é, para não arrebentar os cofres públicos, dos quais a gente precisa para várias coisas (como investimentos para melhorar e expandir o transporte...). E por que tem de aumentar? Porque os custos aumentam; porque tem data-base para reajuste de salários de motoristas e cobradores...

Os custos podem e devem ser menores – se o sistema for mais eficiente, se o governo federal reduzir impostos sobre o óleo diesel e os microônibus (como reduziu para gasolina e táxis)... Mas prometer um ano sem aumento é simplesmente dizer o que o povo quer ouvir, contrariando a sensatez.

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Ivan Valente defende a “tarifa zero” no transporte, e diz que “vários países no mundo” têm esse sistema.

Eu não sei quais, mas sei que a tarifa zero significaria a prefeitura bancar todos os custos de operação do sistema. Seria uma conta caríssima, em que a despesa seria mal dividida. Sim, porque eu, que tenho todas as condições de pagar tarifa, seria beneficiada – o custo da minha viagem seria dividido entre toda a população, inclusive a mais pobre. É injusto.

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Pronto, em cinco mil caracteres, consegui brigar com todo mundo. Agora é a vez de vocês, podem me bater... Ai. Hoje parece que eu tirei o dia para brigar, mas não foi premeditado...

A doida

Manchete na capa do UOL: “Cremes não retardam envelhecimento”, dizem cientistas.

Eu li “Crimes”.

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Ontem, saí de uma "Sabatina-Afro" (promovida pela EDUCAFRO, uma das obras sociais do SEFRAS – Serviço Franciscano de Solidariedade) na Rua Riachuelo, atrás da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, pouco depois das dez da noite. Montei na moto para ir embora e logo apareceu um rapaz com colete de “guardador”, fazendo sinais para perguntar se eu tinha um trocado para ele.

Eu tinha. Perguntou com jeito, sem fazer qualquer tipo de pressão; ainda disse “não tem erro, qualquer coisa fica para a próxima”. É meio absurdo pagar para alguém “tomar conta de carro”, por todos os motivos do mundo – porque é ridículo carros (ou motos) precisarem de babá; porque é um jeito de tentar ganhar dinheiro por um trabalho, mas na prática é pouco diferente de pedir esmola, já que o serviço é inútil (se aparecer um ladrão, ele vai fazer o que?). Mas eu conheço muitos meninos que realmente consideram esse um trabalho; que fazem questão de “fazer” alguma coisa em troca do trocado que vão pedir... (Desculpem pelo “troca do trocado”).

Enfim, eu não topo extorsão, de jeito nenhum. Já bati boca com vários guardadores – recusando o “preço” que eles estabeleceram; me recusando terminantemente a pagar adiantado! – mesmo correndo o risco de voltar e encontrar o carro todo riscado, ou duas motos em vez de uma. Não admito. Mas às vezes cedo a pedidos gentis, e foi o caso.

“Você não costuma parar aqui, né?”. “Não, eu não venho todo dia, só vim participar de um evento”. “É, eu nunca tinha visto essa moto nem você aqui...”

Como ele puxou papo, dei corda. Não resisti à tentação de perguntar “você vota?”. “Voto, sim!”, respondeu, com tanta convicção que fez a pergunta parecer sem sentido. “Já tem candidato a prefeito?”. “Olha, sabe que ainda não? Não decidi”. “Bom, tem eu...”. Ele fez cara de interrogação, igualzinho a um desenho animado. Mostrei o adesivo no baú da moto – “Eu, olha. Eu sou candidata a prefeita”.

Ele ainda levou uns segundos para entender. A geração pós-Telesp talvez não saiba a origem da expressão “demorou para cair a ficha”, mas ela é a perfeita descrição de momentos assim. Quando fez o “clique”, ele perguntou, surpreso: “VOCÊ é a Soninha?”. Aí abriu um sorriso: “Olha, juro para você, eu estava indeciso entre dois: você e o Maluf. Você, porque eu vejo suas idéias e eu gosto, sabe? E o Maluf porque a minha mãe falou que ele foi um prefeito muito bom”.

Respirei fundo para fazer uma suave objeção, mas ele nem me deixou completar: “Bom, assim diz minha mãe... Eu não sei... Mas eu gosto mesmo das suas idéias, do seu espírito, sabe? Olha, eu já estava decidindo, sério mesmo. Eu já estava pensando em votar em você”.

Não sei se eu ganhei um voto ou não, mas adorei a conversa. Aliás, eu adoro conversa. Candidato vive disputando quem é que gosta mais de pobre (parece que é uma disputa para pedir pobre em casamento). Eu gosto muito, muito mesmo, de gente. Brasileiro, estrangeiro, votante, não votante... Criança, idoso... Sensatos, malucos... Universitários, analfabetos... Se não for prefeita no ano que vem (vai saber, tudo pode acontecer... :o)), vou fazer alguma coisa assim, no corpo-a-corpo. Abordagem de população de rua, mutirão ambiental na periferia, ocupação artística de espaços públicos, alfabetização para jovens e adultos... Às vezes estou completamente exausta dessa vida sem solidão, sem reclusão, sem silêncio; sem tempo para contemplação. Mas eu gosto muito de conhecer pessoas, como gosto. Queria ter um registro de cada uma delas – um retrato, um perfil, um resumo do dia e hora em que nos conhecemos... (Ô mania de guardar coisas, que não me larga!). Ok, guardo apenas as lembranças e um ou outro post no blog. Na minha casa não cabe mais nada :o))

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Trilha sonora: depois de uma Adriana Calcanhoto ("Fico Assim Sem Você"), uma seqüência enorme de Jack Johson. Muda tudo, muda o dia. Já falei da revisão que eu queria fazer na Declaração de Direitos Humanos, né? Ou na Constituição? "Todo ser humano tem direito à música". (MP3 para todos!). E "Todo ser humano tem direito à massagem". A saúde de todos seria bem melhor.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Recuerdos e mais recuerdos

Recuerdos

Nessa semana, voltou à pauta o Tribunal de Contas do Município - aquela cuja extinção eu defendo, assim como já defenderam vários de meus colegas... Houve uma CPI do TCM com conclusões arrasadoras, mas ficou tudo por isso mesmo... Para não ter de falar tudo outra vez, recuperei posts antigos sobre o tema. Aí vai um deles (o texto original está aqui)

Mais recuerdos

Aqui tem mais um capítulo antigo da “novela TCM”.

E aqui, a matéria da Folha, reproduzida no site da candidatura, que ressuscitou o assunto (ainda bem!) nos últimos dias.

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"Como eu comecei a dizer no post acima, sou contra o PL da Reforma Administrativa do TCM, por vários motivos.

Por exemplo, porque ele estabelece que:

§2º - A Função Gratificada fixa [sic] excluída do limite salarial previsto na Lei nº 12.477, de 22 de setembro de 1997.

Vamos à lei 12.477... Ela DISPÕE SOBRE A CARREIRA DA FISCALIZAÇÃO, ORGANIZA O QUADRO DOS PROFISSIONAIS DA FISCALIZAÇÃO-QPF, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Ué... E por que foram pegar uma lei que fala do “quadro dos profissionais da fiscalização”? O que o TCM tem a ver com isso?
E qual é, afinal, o “limite salarial” previsto nessa lei?

Tá lá no Art. 93, que trata de “disposições gerais”: “O limite máximo de remuneração dos servidores municipais passa, a partir da data da publicação desta Lei, a ser o correspondente ao fixado pelo artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988”.

Ah, então fomos buscar em um artigo de uma lei municipal de 97 uma referência ao teto constitucional para vencimento de servidores públicos... Um pouco enviesado, não???

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O teto estabelecido na Constituição diz que, no município, o maior “salário” (o termo oficial é “subsídio”) deve ser o do prefeito. O texto é assim:

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito. (...)

Aí vem um PL do TCM e diz, disfarçadamente, que as “funções gratificadas” não precisam respeitar esse inciso da Constituição. Aí acontecem aquelas coisas – um funcionário do TCM ganha três vezes mais que o prefeito... Se bobear, acaba ganhando mais que o Ministro do Supremo, que é o teto máximo da nação.

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Gratificações, em princípio, são temporárias. Mas a “função gratificada” se torna permanente depois de cinco anos, contínuos ou não.

E tem gratificação de quê, por que?

Tem, por exemplo, Art. 29 - A gratificação por serviço especial em Comissão de Licitação fica fixada em 10% do QTC-6 por reunião, limitada a 10 (dez) reuniões mensais, por servidor. Ou seja: jetton. Um adicional pago por participação em determinado tipo de reunião...

Tem também a (Art. 5º) Gratificação de Incentivo à Especialização e Produtividade. Para fazer jus a ela, o servidor terá de atender a pelo menos 3 dos seguintes pré-requisitos:

I - conhecimento e desempenho de suas funções de acordo com as metas a serem alcançadas;
II - empenho no exercício das funções e contribuição para o seu aperfeiçoamento;
III - aprimoramento através de cursos e estágios;
IV - desenvolvimento de liderança e trabalho em grupo;
V - participação em comissões e grupos de trabalho especiais;
VI - elaboração de trabalhos em sua área de formação profissional;
VII - prestação de apoio técnico e atuação como docente em cursos voltados ao aprimoramento do conhecimento dos servidores dentro de sua área de formação profissional.

Ou seja, se ele “conhece e desempenha as funções de acordo com as metas a serem alcançadas” (não seria essa uma obrigação básica?), se “empenha” no exercício das funções (idem...) e participa em “comissões e grupos de trabalho” (nada de tão excepcional), já pode receber uma gratificação de 38% (se ocupar “cargo ou função de nível superior”). Achei fácil demais, discutível demais...

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Além disso, transferem-se ou criam-se cargos que eu não tenho nenhum elemento para avaliar se são mesmo necessários. Claro que, se já não tivesse outros motivos para votar contra o PL, deveria me informar sobre eles para formar uma convicção.

Na verdade, a minha convicção é de que a própria existência do TCM é muito discutível. As funções executadas por ele podem ou devem ser exercidas por outras instâncias, outros órgãos públicos. O TCM, apesar do nome, não é um “tribunal” - é um órgão auxiliar do Legislativo. Ele emite pareceres e toma decisões que não equivalem a uma sentença judicial. E embora seja, em princípio, um órgão “técnico”, as nomeações dos Conselheiros são políticas – e vitalícias! E ele é caro, muito caro. Custa, por ano, quase a mesma coisa que a Câmara Municipal. Eu sou muito mais a favor da extinção do TCM do que da sua reforma administrativa...

PS2: Acabo de saber que a votação desse PL foi adiada. Fica para outro dia".

terça-feira, 16 de setembro de 2008

"Por que não falou antes?"??

Depois da minha Sabatina no Estadão, em que eu disse que a aprovação de Projetos de Lei na Câmara Municipal sempre se dá em função de algum tipo de acordo – e que existem acordos que atendem ao interesse público, e outros nem um pouco (como se fosse uma novidade para alguém!) – algumas pessoas reclamaram: “E por que ela nunca disse isso antes?”.

Ah, eu disse, e como disse... Muitas vezes. Por exemplo, em todas as edições dos meus balanços de mandato (livretos de prestação de contas que a gente batizou de “Gabinete de Bolso”). Foram feitas e distribuídas milhares de unidadesdeles, que também ficaram disponíveis no meu site em PDF.

Fiz um apanhado dos textos em que me queixei da Câmara, para facilitar a leitura dos interessados no tema. Veja aqui, em três partes: 1, 2 e 3.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

"Notoriedade"

Recebi a seguinte mensagem de alguém que assinou “Não Interessa da Silva”:

(Legal, né? O cara escreve para o meu email, mas esconde o dele... Ah, como é bom ser anônimo... Por que não bancar a própria opinião, assinando embaixo?)

“Sexta-feira, 12/Setembro/2008, 12:08:17 - Marta vira alvo de Alckmin, Kassab e até de Soninha no debate”

[É uma notícia da Agência Estado - Comentário dele:]

Quá, quá, quá... "ATÉ". Para mim significa que qualquer um ataca a Marta em busca de alguma notoriedade, ATÉ a Soninha.

Sabe qual foi o “ataque”? Eis a notícia completa:

SÃO PAULO - A candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, foi o alvo das críticas no segundo debate da TV Bandeirantes. Até a ex-petista Soninha Francine, do PPS, duvidou da afirmação de que Marta fez 100 quilômetros de corredores de ônibus. "Eles começaram a ser feitos desde a gestão do Covas", afirmou. O prefeito Gilberto Kassab, candidato do DEM, e a petista polarizaram a discussão no terceiro bloco, defendendo as respectivas gestões. Marta acusou Kassab de falta de planejamento para "gastar o dinheiro em coisas de que a cidade realmente precisa". Então Kassab respondeu: "Tomara que Marta não ganhe a eleição, senão ela vai quebrar a Prefeitura." Marta e Kassab também discordaram sobra as Organizações Sociais (OSs) que cuidam da gestão da saúde.

Em primeiro lugar – isso que eu fiz foi um “ataque”?

E, em nome do bom jornalismo, o certo seria verificar quem tem razão... Eu não “duvidei” da afirmação de Marta; eu não “afirmei”, da minha cabeça, que os corredores começaram a ser feitos desde a gestão do Covas. Esses são os fatos. A Marta MENTIU, simples assim. Se dizer “mentiu” for um “ataque”, podemos dizer que “faltou com a verdade”...

Aos dados:

São Paulo tinha, em 2006 (dois anos após o fim do governo Marta), 104 km de corredores. O Santo Amaro – Nove de Julho tinha 14,5 km. Foi INAUGURADO em 1984 (governo Covas). E reformado em 2004, pela Marta. Muito bem reformado, especialmente no trecho Nove de Julho, mas não foi ela quem FEZ. O Paes de Barros tem 4 km e foi inaugurado em 85. O corredor Cachoeirinha tem 12,5 km e foi inaugurado em 91 (Erundina). A Marta também o reformou em 2004. O de Itapecerica, de 8,4 km, inaugurado em 98 (Pitta), foi reformado em 2004. Foram efetivamente inaugurados em 2003 e 2004 os corredores Pirituba-Lapa, Guarapiranga, Ibirapuera, Rio Bonito e Rebouças, em um total de 64 km FEITOS na gestão da Marta. (Que é o número que o próprio PT usou em seu programa de TV alguns meses atrás).

A Marta REFORMOU, sim, vários quilômetros corredores - se contarmos, por exemplo, a extensão completa do Nove de Julho-Santo Amaro, dá 35,4 km deles. O próprio material de divulgação do PT falava em reforma de 4,5 km, mas tudo bem.

Se a gente puder chamar reforma de “realização”, todos os números dos demais candidatos serão inflados também...

E eu queria saber também o porquê do “até”. A Marta é a líder das pesquisas de intenção de voto e até outro dia foi prefeita. Será que não é natural que ela seja “alvo”? Que suas promessas sejam confrontadas com suas obras? A Marta, no meu lugar, pouparia o líder, o deixaria mentir em paz? E eu não sou candidata à prefeitura, tanto quanto os outros?

O também ex-petista Ivan Valente e Ciro Moura atacaram a Marta. E “até” o Maluf – que, assim como eu, fez campanha para a Marta no segundo turno em 2004...

Eu critiquei o Maluf, o Kassab, o Alckmin. Os que já estiveram “lá”. Mas não posso falar da Marta, senão é “busca pela notoriedade”.

Então tá.

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No primeiro debate na Bandeirantes, algumas pessoas se espantaram com a minha disposição em reconhecer boas realizações das administrações anteriores. Antes de questionar a Marta sobre o gasto em túneis e o projeto da ponte estaiada X a interrupção das obras do Fura-fila, reconheci (como não reconhecer?) o que ela fez de bom na área dos transportes. Sem falar que vivo defendendo os CEUs, por exemplo. E a própria Marta, quando alguém vem associar o infeliz "relaxa e goza" ao acidente da TAM.

No segundo debate, reconheci também avanços na área da Educação e do Meio Ambiente no governo Kassab - simplesmente porque eles aconteceram. O Eduardo Jorge mudou a política ambiental de patamar; é um grande cara, que também se encheu do PT bem antes de mim (e saiu do governo Marta porque não aceitava loteamentos e os novos encaminhamentos da política de saúde, que daria menos importância ao PSF, por exemplo, em favor de obras mais vistosas). E o Schneider, como já comentei aqui antes, teve uma disposição admirável (raríssima em um tucano, hehehe) de negociar com a categoria dos professores a reorganização de sua carreira.

Ah, mas isso o PT não admite... Reconhecer avanços do governo do PT, ok. Elogiar qualquer coisa do governo Kassab, aí não. Embora todos os candidatos, Marta inclusive, mantenham sempre aquele discurso básico de "manter o que foi bom, modificar o que não deu certo". Só não pode dizer para o eleitor "o que foi bom"... Fica no ar.

Na platéia da Band, aquele dia, alguns petistas ficaram fazendo graça. Adriano Diogo, ex-secretário do meio-ambiente, que já me avacalhou (não tem outra palavra) na tribuna da Assembléia, mandou um "o amor é lindo".

Depois eu que sou "juvenil". Haja saco.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Contagem regressiva

Para a perda dos meus direitos políticos...

Aviso de um vereador “amigo” para um assessor do gabinete: “Você sabe que a Soninha vai ser cassada, não sabe? Mas só depois da eleição”. Como se eu não soubesse que é essa a estratégia.

Ontem, Wadih Mutran trouxe o assunto à tona (aprovação de projetos sempre mediante algum tipo de troca) no microfone de aparte. “Os jornais estão dizendo que a vereadora Soninha foi pressionada. Não foi não. Mas eu queria ver se fosse com eles! O que eles iam fazer se ela falasse deles o que falou dos vereadores !”. Fui lá me defender: “Vereador, vocês confirmaram uma parte do que eu disse e ainda dizem que é assim que tem de ser: para aprovar projetos, tem de haver uma negociação que envolva algum tipo de troca, um acordo. Eu acho que não deveria haver troca nenhuma. Em todo caso, a troca, o acordo, pode ser feito em função do interesse público ou não... Se alguém vota em um projeto que considera ruim porque foi atendido em seu pedido, o interesse público foi prejudicado. Se não vota em projeto bom porque não foi atendido, também. E se vota em troca de dinheiro, não tem nem o que discutir – para mim, a pior das hipóteses, a menos que a gente pense em ameaças de morte...”.

Enquanto eu falava e ele ameaçava retrucar, os vereadores à Mesa, especialmente o presidente, faziam sinais para ele encerrar o assunto ali mesmo. Ele voltou ao microfone apenas para informar, como Corregedor, que recebeu o pedido de abertura do processo contra mim na Corregedoria. Que, apesar do tema estar pegando fogo, não deu quórum ontem...

Claro que eles vão deixar passar as eleições, quando eu tiver menos destaque na mídia, para seguir com o processo. Até parece que muda alguma coisa para mim... Se eles recomendarem a minha cassação, se ela for aprovada em plenário, ok, perco meus direitos políticos por oito anos... E vou lá fazer meus trabalhos com população de rua, internos da Fundação Casa, em favelas e quebradas.

Depois eu volto.

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Sobre os quatro vereadores que citei na sabatina do Estadão: foram os que eu lembrei, na hora, que já haviam se manifestado publicamente contra esse modelo de tramitação e aprovação de projetos – que é muito lento ou muito acelerado conforme os tais dos acordos políticos. Montoro (atualmente deputado eleito e Secretário de Participação e Parcerias) criticou várias vezes a realização de Congressos de Comissões; Natalini já se indispôs mais de uma vez com os demais, tendo sido inclusive chamado à Corregedoria; Neder também não votou no presidente da Casa na última eleição (como quase toda a bancada do PSDB) e ficou ouvindo gracinhas e desaforos no anexo do plenário; Chico Macena se recusou a acompanhar a bancada na votação do CONPRESP e foi impedido de explicar seu voto contrário no plenário...

Não são os únicos, mas são os que me recordo mais claramente de se manifestar em público. Outros também se queixam, mas reservadamente – não vou expô-los à pressão dos colegas e da imprensa sem saber se eles estão dispostos a isso.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Hoje tem debate na Band

“E aí, você vai de bicicleta?”

Vou não.

Da primeira vez, foi TÃO legal, que a gente foi da Paulista até a Band falando “Vamos juntos de bicicleta a TODOS os debates! Globo, Record, todos! (Queria só ver se ainda tivesse o da RedeTV!, lá em Alphaville...)

Quem era “a gente”? Um grupo de umas duas ou três dezenas de ciclistas e cicloativistas – gente que usa a bicicleta como meio de locomoção e pede melhores condições para elas e mais respeito de todos. Que lembra que ela ocupa pouco espaço, não polui, não piora o aquecimento global, não faz barulho. Que é gostoso pedalar, ver as pessoas em volta, os detalhes da cidade. E que muitas outras pessoas pedalariam também se fosse mais seguro e mais prático (estacionar a bicicleta ainda é um problema na maioria dos lugares – tem cabimento?).

Por que eu fui de bicicleta daquela vez? Para demonstrar que é possível, sim, pedalar por aí – mesmo com as condições horríveis de hoje em dia (a travessia da ponte da Eusébio Matoso foi aterrorizante. Já é tenso para os carros e motos....). Que não é preciso ser atleta para isso (quem dera eu fosse...). Para lembrar que os ciclistas existem; para fazer um manifesto a favor deles.

E foi muito gostoso. Saí de casa pedalando, o que já é um belo meio de começar o dia. Fui à Câmara, passei o dia lá, no fim da tarde subi (pela Augusta) até a Paulista. É subidinha, mas dá para encarar muito numa boa – e é dez vezes melhor que a Consolação, tensa e apertada. Na Praça do Ciclista, encontramos os outros todos e nos preparamos para sair, pouco depois das 20:00. Fiquei com medo de me atrasar, mas o André Pasqualini, do CicloBr, tranqülizava - “dá menos de uma hora, com certeza”.

Finalmente saímos. Descer a Hadock foi muito, muito bom – mesmo com a tensãozinha de estar embalado e com medo de algum carro estacionado abrir a porta de repente. Fomos atentos, cautelosos, e fazendo festa. Cantando “Invasão das Bicicletas”, verdadeiro hino da Bicicletada.

Andar pelas ruas largas, arborizadas e tranqüilas dos Jardins, nas paralelas à Rebouças, também foi demais. Foi quando começou o coro divertido: “Se a Soninha não ganhar, olê, olê, olá... Vou pra Bogotá!” (onde foi feita uma revolução pró-ciclistas).

A subida da Morumbi foi mais cansativa, mas não a ponto ficar de língua de fora. Ainda mais porque uns ajudam os outros; os mais fortes e mais experientes empurram os demais, formando uma cadeia semelhante à das aves voando em “V”. Pior mesmo foi lidar com o estresse dos motoristas. Como éramos muitos, acabamos ocupando uma pista inteira, e na ladeira fomos mais lentos, mas nada de insuportável. Se cada um de nós estivesse em um carro, seria dez vezes pior... Mas o “piloto” de uma SUV ficou tão impaciente que nos ultrapassou na faixa dupla, em uma curva de alta velocidade para quem vinha no outro sentido, e quase provocou um acidente horrível. Para não bater de frente, freou na curva, balançou... Mais um pouco, capotava. Santo Deus. Queria ir a 70 por hora por que, pra quê? Avenida não é estrada...

Mas como foi bom chegar até lá pelo próprio esforço, ofegante, transpirando, com calor apesar do ar frio... Gastando energia, oxigenando o cérebro.

E mesmo assim, não vou de bicicleta desta vez? Não, por dois motivos basicamente: para a minha campanha não virar folclore. Tudo bem dizerem que eu sou “a da bicicleta” - sou mesmo. Mas essa não é a única e nem mesmo a principal bandeira da nossa candidatura. Nem ao menos é a principal proposta para o trânsito, é UMA delas. E também para a própria bicicleta não virar folclore ou “marketing”. É um meio de locomoção para ser levado a sério.

(E qual é a principal bandeira de nossa campanha? São ao menos duas: se não corrigirmos a imensa desigualdade regional em São Paulo, o abismo e as distâncias entre as regiões ricas, bonitas, bem providas de todos os serviços públicos e privados, e as regiões mais pobres, precárias, feias e carentes de tudo, nenhum dos outros problemas (na educação, saúde, meio ambiente, trânsito e transporte, segurança, desenvolvimento econômico e social) terá solução de verdade. A outra: é perfeitamente possível fazer política (já desde a campanha eleitoral) e administrar a cidade de modo diferente. A primeira parte, já estou fazendo. A segunda depende de me colocarem lá na chefia :o)).

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

"Diga nomes!"

Muitas vezes me perguntaram “Que tal a Câmara?”, ou “Que tal ser vereadora?”, e eu respondi “um inferno”. “Não só por causa dos problemas que todo mundo conhece ou imagina, como a corrupção, nem pela dificuldade de lidar diariamente com o confronto de idéias, posturas e visões de mundo muito diferentes, mas sim porque o resultado do seu trabalho não tem nenhuma relação com o tamanho do seu esforço. Depende, sim, dos acordos que você for capaz de fazer. A organização da pauta e a votação de projetos em plenário depende exclusivamente de entendimento entre os autores, e não da qualidade e urgência do seu conteúdo”.

Depois de uma das entrevistas em que disse isso (à revista IstoÉ Gente), houve tensão e tumulto aqui na Câmara. “Tem corrupção? Então diga quem! Diga quando! Você será punida – por saber de corrupção e não ter denunciado, o que era o seu dever. Ou por ter feito acusações falsas, o que é crime”.

A reunião do Colégio de Líderes, à qual eu não estava presente, foi tensa. Alguns vereadores disseram, furiosos: “A santinha! Fuma maconha e vem falar de corrupção”, me contaram colegas. No plenário, o tom foi "melhorzinho": “Eu sou a favor da família, sou contra as drogas.(...) Queria saber o que a vereadora quis dizer com essas acusações”, disse um vereador no microfone de aparte.

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Naquela ocasião, respondi: “Por acaso os senhores não sabiam que na política tem corrupção, de várias maneiras? Não somos procurados para “dar um jeito”, “quebrar um galho”, passar alguém adiante na fila?”. Nem me lembro mais que exemplos dei na época.

“A senhora sabe ou não sabe de algum caso concreto de corrupção envolvendo vereadores da Casa?”. “Se eu soubesse, já teria feito a denúncia à Corregedoria”. Claro que saber sem provas, por ouvir alguém contar, não serve – e alguém aí nunca ouviu, de fontes próximas ou distantes? Em todo caso, não, eu não tenho provas contra nenhum vereador. E eu nem estava falando de corrupção na Câmara, especificamente, mas na política de modo geral. E aí se incluem todos os Parlamentos, o Poder Executivo, os Tribunais de Contas, os partidos, o diabo.

“A vereadora disse que nenhum vereador desta Casa é corrupto. Eu estou satisfeito com a resposta”, disse um colega. Não foi isso que eu disse, mas depois de entender a entrevista a seu modo, resolveram interpretar também a minha declaração em plenário de modo peculiar. “Tem corrupção” tinha virado “todos são corruptos”; “eu não tenho dados concretos” virou “eles não existem”.

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O Corregedor me pediu explicações por escrito, eu dei. Os membros da Corregedoria aceitaram a explicação e o caso se encerrou ali.

Ou quase: alguns dias depois, o presidente veio cobrar o fato de eu ter assinado a lista de presença sem que ele tivesse me visto no plenário. “Eu vim até aqui, vi que não estava acontecendo nada de relevante e subi para minha sala, de onde acompanhei a sessão pelo monitor de TV”. “Mas então você não estava no plenário e assinou a lista? Você não é a honesta?”. Fiquei com tanta raiva que risquei meu nome da lista.

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Depois e antes daquela entrevista, já me queixei mais mil vezes sobre o modo de funcionamento do Parlamento. Em palestras, no plenário, na reunião do Colégio de Líderes, em audiências públicas aqui mesmo na Câmara, muitas vezes na presença de outros vereadores. E sempre ouvi dos colegas o que ouvi ontem também no plenário: “É assim aqui ou em qualquer lugar do mundo”. Como se o Parlamento fosse um planeta isolado, com uma lógica à parte, sem necessidade de responder ao mundo exterior.

Já durante a campanha eleitoral, em entrevista à Band News, eu falei de novo: “Os projetos não são aprovados em função de serem bons ou ruins, e sim como resultado de acordos, em que sempre se estabelece algum tipo de troca”. (Veja um post sobre isso aqui). Já havia falado à CBN e a diversos jornais.

Sexta passada, falei na Sabatina do Estadão – acrescentando (não pela primeira vez) que essa troca pode ser mais republicana... ou menos. Na pior das hipóteses, a troca envolve vantagem financeira direta ou indireta. (Direta: “Pague que eu aprovo seu projeto”. Indireta: “Nomeie um cara meu que eu aprovo”, e o “cara meu” vai comandar algum esquema ilegal de arrecadação de recursos, ou devolver parte do seu próprio salário para o político em “agradecimento”, etc., etc.). Será que existe hipótese ainda pior? Bom, há lugares pelo Brasil em que os pedidos podem ser mais pesados, tipo "a cabeça de fulano" (literalmente).

***
Não é raro alguém mais velho e experiente fazer cara de desdém: "Tolinha, e você não sabia que era assim?". Não, eu não sabia que as votações eram TODAS combinadas antes. Que o projeto só é votado quando já se sabe o resultado. Que os vereadores não decidem ali, em função de seu próprio juízo, votar "sim" ou "não", mas seguem o que foi combinado pelos líderes. "Votem sim!", grita o líder de um lado. "Votem não!", grita o líder do outro bloco. Parece que há uma tremenda disputa em curso; se houver público nas galerias, ficarão apreensivos, querendo saber quem vai ganhar. Mal sabem que só falta acertar o placar exato, porque a coluna (1 ou 2) já está definida. A vitória pode ser por 40 X 12, 34 X 10... Mas a Sessão foi aberta já com o conhecimento de quais projetos seriam aprovados, quais seriam adiados, quais seriam derrubados.

Também não sabia que o presidente das Comissões não era eleito por seus pares, mas decidido pelos mesmos líderes. "Constituição e Orçamento ficam com o Centrão, Saúde é do PT, Educação também... O PSDB não vai presidir nenhuma porque rompeu acordo". Não sabia, porque no dia da eleição dos presidentes, os vereadores declaram seu voto como se ele fosse totalmente espontâneo: "Voto em meu colega, grande vereador, fulano de tal". Alguns, mais contrariados, deixam registrado: "Seguindo deliberação da bancada, voto em fulano". Quem é da Casa sabe que essa é uma suave manifestação de descontentamento - que é aceita porque não foi explícita e porque, afinal, respeitou-se a disciplina partidária, o acordo entre os líderes.

“Juuura que não sabia? Tsc, tsc”. Uai, eu acompanhava a política pelos jornais. Se quem sempre soube de tudo não contou, como é que eu ia adivinhar?

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Pois é, dizer que votações são decididas na base de trocas e reciprocidades não é novidade nenhuma – novidade é dizer que é SEMPRE assim. Mas dizer que tem gente que até cobra $$ para votar assim ou assado é tão revelador quanto contar que a primavera vem depois do inverno. Mas, de novo, causou rebuliço.

Agora, tanto os vereadores quanto os jornalistas cobram: “Dê nomes! Dê nomes!”. Parece que, sem contar quem foi, quando, onde, por quanto, por que, não se pode dizer “tem gente que vende voto” – sob pena de ser cassada ou, quem sabe, “apenas” desmoralizada. Não, não vou dar uma de louca, não vou sair dizendo “eu sei, eu vi, eram 30 mil reais por mês!”, como fez o Roberto Jefferson (e não eram 30 mil reais por mês...). Não, porque eu não sei quem, quando, onde, por quanto. Nunca fui convidada para conversas secretas em que se discutiam valores.

Mas presenciei inúmeras discussões de pauta em que os vereadores diziam alto o suficiente para qualquer um ouvir: “Não vamos votar nenhum projeto do governo. O prefeito tá sem moral na Casa. Não aprovou meu projeto/ não executou nossas emendas/ não atendeu meu pedido”. Aliás, isso já foi dito em plenário, no microfone. “Se o prefeito quer aprovar projeto aqui, vai ter de conversar com a gente. Ser da base do governo tem um ônus; tem de ter um bônus”.

Em Brasília, noticia-se com a maior naturalidade que o PMDB quer cinco ministérios, que não sei quem exige a diretoria de uma estatal, que é preciso liberar não-sei-quantos cargos de segundo escalão... O líder do PR na Câmara reclamou, quando o governo anunciou contingenciamento de recursos depois da não-prorrogação da CPMF (uma das raras votações “sem acordo” nos últimos tempos): “Se não for executar nossas emendas, vamos ter de voltar a falar em cargos”.

Pois bem, muitos ficam horrorizados com as palavras “vender” e “dinheiro” relacionadas a “votar”. “Quem vendeu, quem?!”. (Catz, alguém aí já ouviu falar em Valerioduto e outras “mesadas”? Em anúncios da Nossa Caixa?) Justo essa parte não é novidade. (O que eu não sabia, e aprendi aqui na Casa que é possível, é que às vezes se pede dinheiro para DEIXAR DE VOTAR um projeto – que já é apresentado justamente pra isso, para apavorar alguém (um setor, um grupo) a tal ponto que esse alguém topará pagar para evitar que aconteça).

Realmente, é horrível. Mas e o resto, tudo bem? Os acordos, a inevitabilidade de se estabelecer algum tipo de troca...É normal? O fato de alguns projetos bons ficarem anos e anos e anos e anos estacionados enquanto outros menos importantes logo vão a votos, de modo que cada vereador tenha um projeto aprovado e todos fiquem felizes... É ok? O fato de o governo – todo governo – ter de entregar alguma coisa para que um projeto considerado relevante seja aprovado; de um projeto considerado ruim pelos vereadores ser aprovado porque eles receberam algo em troca, é aceitável? Já estamos todos tão calejados, tão ásperos que já achamos que tudo bem se ficar só nisso?

Bom, se só eu não me conformo, aí o Apolinário tem razão: tem pessoas que até podem ser boas jornalistas, boas comentaristas esportivas, mas não sabem ser Parlamentares. Não servem para isso.

A Educação, a falta de educação e a perda momentânea da noção

A culpa, pra variar, é do mordomo.

Caiu o marqueteiro do Alckmin. Parece que há um consenso de que a propaganda eleitoral é “muito ruim”.

Eu não tenho muita paciência para Horário Eleitoral, mas já assisti algumas vezes. Sei lá, me pareceu um programa tucano como todos os outros... Talvez com menos brilho técnico, mas é o Alckmin de sempre, com o discurso de sempre...

(Uma diferença me chamou bastante a atenção: agora o Alckmin aparece nas fotos oficiais com a cabeça toda. Antes, cortavam o retrato na altura da testa, e a parte careca não aparecia... Eu não me importo a mínima com essas coisas, mas os marqueteiros se importam muito. Vacilaram?)

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O marqueteiro, por sua vez, caiu atirando – no vilão de sempre, o Serra. Afe.

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Ontem, no debate sobre educação do movimento Nossa São Paulo, havia dois tucanos à mesa: o Secretário da Educação do município, Alexandre Schneider, e o deputado federal e ex-ministro da Educação, Paulo Renato de Souza.

Schneider fez um bom trabalho – bem melhor, aliás, do que o antecessor, e nisso reside uma das muitas ironias dessa aliança fraturada (DEM-PSDB).

Quando o prefeito era tucano, o Secretário era Democrata (o Pinotti). Com a melhor das intenções, quis implantar, de um dia para o outro, o período integral nas escolas, com o programa São Paulo É Uma Escola.

Não deu nada certo. Por um lado, porque você não consegue resolver estes problemas todos ao mesmo tempo: a lotação das salas de aula (a média no município não é ruim, é de 33 alunos – mas é média, o que significa que em alguns lugares tem mais do que isso), o número de turnos por escola e o tempo de permanência em sala de aula.

Assim, com o número de escolas e salas existente, para as crianças ficarem o dia todo na escola, implantou-se o caos – imagine o serviço da merenda como ficou... Os pátios...

A Sala de Informática, que era usada no período de aula, virou espaço para atividades no contra-turno. Os professores que vinham usando o computador no processo de aprendizagem arrancaram os cabelos. O mesmo ocorreu com a Sala de Leitura.

Enfim, um desastre – agravado pelo fato de que o programa foi instalado na base do “cumpra-se”. Sem discutir, sem perguntar nada para os professores, sem ouvir as queixas ou sugestões deles, sem respeitar as diferenças entre as escolas.

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Entrou o prefeito Democrata, veio o Secretário tucano – e tudo mudou. A maior das qualidades dele é ter a maior disposição para escutar. Para fazer milhões de reuniões com os sindicatos para definir a reestruturação da carreira, por exemplo. Com representantes da classe artística que pediam uma política de ocupação dos teatros dos CEUs baseada na publicação de editais. Com os preocupados com a continuidade do programa Educom.radio. Secretário que inúmeras vezes pediu opiniões da Secretária do governo Marta, a Cida Perez. Que foi a um debate na quadra da União de Moradores de Heliópolis e bancou um projeto muito legal que unirá vários equipamentos públicos (creche, escola estadual, escola municipal, praça) e criará alguns (como uma escola técnica estadual, quadras, etc.), ignorando olimpicamente a recomendação de alguns colegas dele: “Fazer o que lá? É tudo petista... Você vai ver que não vai adiantar nada, no fim eles votam tudo no PT”.

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Nessa gestão, algumas medidas simples ajudaram a diminuir o absenteísmo – que, como o sufixo indica, não é sinônimo de falta justificada, mas de exagero, abuso, falta de comprometimento. E os professores finalmente conseguiram algo que reivindicavam há tempos: a incorporação de gratificações sobre o vencimento-base. Por que é tão importante? Porque a gratificação pode, em tese, ser suprimida de um dia para o outro (ninguém seria louco de fazer isso, em todo caso...); porque o vencimento serve para cálculo de vários benefícios; porque ele é (e será) o valor da aposentadoria.

Claro que a categoria não ficou 100% satisfeita, mas não pode negar que foi um avanço.

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Em um de seus primeiros esforços para ouvir os professores sobre o São Paulo É Uma Escola, o Secretário pediu comentários (críticas, sugestões) por escrito.

Em um debate na faculdade Cásper Líbero, uma professora da rede municipal veio se queixar comigo sobre a falta de diálogo com o governo. “Ué, mas o Secretário está pedindo para as escolas se manifestarem!”. “É nada, é só pra constar. A gente manda pra Coordenadoria e a coordenadora não encaminha nada, faz um relatório dizendo “aqui na nossa região está tudo ótimo, ninguém tem críticas”. É tudo mentira”.

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Tem muito disso por aí. (Eu ia escrever “no setor público”, mas lembrei de uma história dos tempos de MTV. Éramos seis pessoas no departamento de produção, que fazia os textos de todos os programas com VJs – 3 produtores e 3 assistentes, eu e mais duas. Uma das produtoras saiu depois de brigar com o chefe. Já trabalhávamos muito – não havia internet, nem ao menos computador. Buscar informações sobre os artistas era tarefa para garimpeiros. Eu chegava às 10:30 e saía às 2 da manhã. Com a saída dela, piorou. As tarefas foram redistribuídas “enquanto não se contratasse alguém”. Passava o tempo, e nada. Pedíamos socorro: “Tá muito difícil, muito pesado!”. O chefe dizia: “Eu estou pedindo uma contratação, mas a direção não está liberando a vaga”. “Como não está liberando? A vaga já existia!”. “Estou tentando...”. Uns quinze dias depois, houve reunião na diretoria. Fiquei sabendo pelo chefe de outro departamento que, diante de um apelo geral para “enxugar despesas”, nosso chefe declarou o seguinte: “Eu eliminei uma vaga na produção e está tudo funcionando muito bem”).

Enfim, a coordenadora achou por bem mentir para o chefe – imaginando que era nisso mesmo que ele estava interessado, em um termômetro falso da satisfação das pessoas... Como se fosse super, super útil dizer “aqui vai tudo muito bem”, com todo mundo infeliz.

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Ele teve vários problemas com coordenadores – por exemplo, ao desligar alguns que haviam sido nomeados por vereadores da base governista, sem nenhum critério de qualificação para o cargo. Fez questão de consultar os profissionais da região para indicar servidores com real conexão com a rede.

Em represália, vereadores da base governista foram pra cima dele na Câmara, convocando-o para dar explicações sobre isso e aquilo nas Comissões. O pior é que quem vê pensa: “Puxa, que comportamento republicano, eles estão pegando no pé do Secretário do seu próprio governo!”.

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As melhores intervenções no debate foram as do Schneider, que representava o Kassab, e da Cida Perez, falando em nome da Marta.

Claro que, em um debate sobre o programa de governo dos candidatos para o qual os próprios foram convidados, a presença de representantes é uma decepção, e dá impressão de descaso (pode ter sido ou não). Mas o fato é que a discussão foi muito melhor com eles do que teria sido com os titulares. Marta e Kassab ficariam se cutucando, se acusando, trazendo à mesa outros assuntos, fazendo ironias. Mesmo que não fossem lá dispostos a isso (se é que é possível), ao menor movimento de um, o outro reagiria no mesmo tom. Mas o Secretário e a ex-Secretária falaram de coisas bem concretas.

Ele disse quantas vagas em creches havia no final do governo Marta e quantas há agora – um crescimento considerável nessas duas gestões em relação às anteriores (Maluf e Pitta). Mas o número de crianças não atendidas ainda é gigantesca – em parte, porque o nível de emprego cresceu, especialmente entre as mulheres (o que ele atribuiu à estabilidade econômica do governo Lula...), e a demanda aumentou mais do que a média dos últimos anos. Para atender a ela, seria necessário construir 600 novas creches – coisa que não se faz da noite para o dia (e não é só um problema de grana, mas muito mais de falta de lugar). O governo lançou, então, um edital de PPP, Parceria Público Privada, prevendo que o setor privado adquira terrenos, construa, e a prefeitura possa então usar as instalações.

Cida Perez falou da possibilidade de realização de concursos regionalizados, o que acho ótimo. O processo de seleção de professores precisa ser muito aprimorado. Não pode ter um “provão” e acabou, depois é só distribuir os professores pelas escolas.

Já o Paulo Renato, representando o Alckmin, foi incrivelmente vago. Uma das coisas mais concretas que falou foi sobre a dificuldade para encontrar áreas para construção de novas escolas (se não a única). De resto, o incontestável de sempre: “nosso programa prevê a ampliação do número de vagas em creches e escolas de educação infantil”; “é preciso melhorar a qualidade do ensino”; “educação é a chave para um país melhor”, essas coisas.

Renato Reichman defendeu suas teses sobre a importância dos primeiros anos de vida; Ivan Valente bateu na tecla do orçamento e do número de alunos por sala; Edmilson Costa falou sobre qual deve ser, em sua opinião, o papel, o objetivo da educação. Dos três, ele foi o que eu mais gostei.

***

“Por que chegamos a esse estado de coisas tão ruim na educação?”, me perguntaram. Não tem uma resposta só. Por desleixo, por exemplo, com as instalações – a parte mais fácil de todas de resolver. Entre tantas outras questões complexas, reformar os prédios, transformá-los em lugares decentes, convidativos e acolhedores, dotá-los dos recursos mínimos para o desenvolvimento das atividades educacionais é o de menos. Mas a rede municipal tem problemas, e a rede estadual quase que é só problema. Alguns dos prédios públicos mais horríveis em que estive nos últimos tempos são escolas estaduais. O pátio do (bom) presídio feminino Talavera Bruce, no Rio de Janeiro, é mais simpático do que o de uma escola que visitei em Mauá (Grande São Paulo) em 2005 – este parece mais uma cadeia do que aquele.

Mas boas instalações não resolvem tudo – os CEUs são lindos mas a qualidade de ensino das escolas dos CEUs, nem sempre.

O preparo, as condições dadas e as exigências feitas aos professores também têm problemas sérios. E decorrem, às vezes, de outras carências. Quando um biólogo, matemático, engenheiro, só presta o concurso público porque não conseguiu emprego na sua área e não porque quer ser professor, fica difícil ter um bom desempenho em sala de aula.

E tem a desigualdade, a miséria, a falta de segurança, o desemprego, a desatenção à saúde, o desamparo psico-social...

A Vejinha desta semana trouxe uma matéria muito mais interessante do que foi o debate sobre Educação no aniversário de 40 anos da nave-mãe: professores que dão aula em boas escolas particulares e em escolas da rede pública relatam a diferença de experiências. Vale a pena ler.

Alguns trechos:

“Certa vez, [a professora Débora da Costa, que trabalha no conhecido “Gracinha”, no Itaim, e no Jardim Ângela] convocou a mãe de um aluno bagunceiro para relatar os problemas que estava tendo. No dia seguinte, soube que o menino de 9 anos havia levado uma surra em casa por causa da queixa”.

“Na prática, a presença de um professor capacitado parece não ser suficiente para garantir o aprendizado. Além das notórias carências na infra-estrutura da rede pública, o contexto familiar é um fator decisivo na evolução de uma criança ou adolescente. “Nos colégios privados, quando os alunos têm dificuldades os pais contratam professores particulares ou psicólogos”, comenta Laís Carvalho [outra professora]. Na rede pública isso é mais raro”. Para piorar: “Uma das minhas alunas, de 10 anos, precisa limpar a casa todos os dias porque a mãe trabalha fora”, diz Laís. “Não tem tempo de fazer as lições”.

Eles também fazem comparações entre a independência forçada dos alunos da escola pública – um número muito maior deles volta sozinho para casa, em comparação com os de escolas privadas. Isso se reflete na postura em sala de aula.

***

Eu me bato muito na história das distâncias. Se uma mãe precisa sair de casa às cinco da manhã e só chega às oito da noite, porque passa seis horas na condução indo e voltando do trabalho, seus filhos precisam de cuidados alheios por 15 horas. Não há sistema de educação que dê conta satisfatoriamente, por melhor que ele seja.

***

Agora o pessoal da campanha do Alckmin, nesse movimento clássico de culpar o Serra por tudo o que ele não consegue fazer (tipo se eleger presidente), vem com a seguinte tese: “Segundo interlocutores, não há mais clima para pedir a Alckmin que evite o confronto direto com o democrata. Kassabistas se empenharam nas últimas semanas para impedir que Alckmin atacasse a atual gestão. O temor era de que a briga entre antigos aliados acabasse naufragando a possibilidade de DEM e PSDB voltarem a se coligar no segundo turno”.

Peraê, vamos colocar as coisas em ordem:

1) Se os “kassabistas se empenharam” eu não sei; o que eu sei é que o Alckmin escolheu, desde o começo, atacar a atual gestão. Que é MUITO MAIS TUCANA do que “kassabista”. Secretários tucanos: Educação, Assistência Social, Saúde, Planejamento, Participação e Parcerias, Coordenação das Subprefeituras, Governo, Esporte... Fora os não-tucanos que foram nomeados pelo Serra e ficaram, como Eduardo Jorge (meio ambiente) e Calil (Cultura). E outros. É muito louco terem de pedir para o Alckmin não atacar a gestão deles... Criticar? Ok. Mas descer o pau é demais...

2) O temor era o naufrágio da aliança no segundo turno? Ah, vá! O pior é que certamente essa análise é feita com base nas vaidades e orgulhos, mágoas e birras da política, quando deveria ser escorada em outra constatação lógica: se no segundo turno o Alckmin espera (esperava?) o apoio do Kassab e dos kassabistas, qual o valor desse apoio depois de detonar a gestão do próprio? “Olha, eles foram uns baita de uns incompetentes, mas agora me apóiam e por isso eu conto com seu voto”.

É, pensando bem, talvez seja mesmo o caso de demitir o marqueteiro.

***

Ah, como é bom se ocupar dos problemas dos outros momentaneamente, e deixar os nossos de lado! :o) Depois eu escrevo sobre a Câmara...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Respostas em áudio

Estas perguntas foram enviadas ao Portal Terra no dia em que participei de entrevista ao vivo sobre a candidatura à Prefeitura. Claro que sobraram muitas perguntas sem resposta por falta de tempo - então aí vão elas em alto e bom (mais ou menos) som.

ASSUNTO: CORRUPÇÃO

PERGUNTA 01

Data: 03/09/2008
De: Vainer Rocha Curzio

Bom dia a todos!

Vereadora Sonia.

Todos nós sabemos que as Prefeituras concentram grandes focos de corrupção.
Seja na área social ou a de serviços.
Minha pergunta é:
Qual seriam seus esforços, para que esses problemas fossem combatidos?

Desde já agradeço a oportunidade de me manifestar, bem como desejo boa sorte a candidata.
Obrigado ao jornalismo do Terra.

Vainer da Rocha Curzio
Um Paulista que adora sua Cidade.

PERGUNTA 02

Data: 03/09/2008
De: Mauricio

Bom dia, como você vai lidar com a corrupção (câncer) em seu governo, o que você acha desta impunidade no Brasil????
Sou seu fã, acompanho você na ESPN Brasil.
Abraços e boa sorte

Mauricio

RESPOSTA EM ÁUDIO:




ASSUNTO: POLÍTICOS

Data: 03/09/2008
De: acpalito

Soninha, você não acha que tem muitos “políticos” como você que usaram a mídia para se promover depois buscar uma muleta pública, vide Ribeirão Preto, Campinas, São Paulo, etc. Se eu pudesse nem no local de votação iria, pois é o mesmo que ser apunhalado pelas costas, veja, quando é candidato adora o povão, quando eleito, fazem leis (...), exemplos: dívida com prefeitura direto para a justiça, taxa lixo, taxa água, taxas, taxas, taxas... Chega! Só vou pois sou obrigado mas anulo.
Seja feliz. Na minha opinião fora da política, você não é disso.

RESPOSTA EM ÁUDIO:



ASSUNTO: MANDATO

Data: 03/09/2008
De: Alexandre Vargas

Bom dia
Gostaria de saber o que a Soninha fez como vereadora e porque não conseguiu fazer mais?
Atenciosamente
Alexandre Vargas

RESPOSTA EM ÁUDIO:



ASSUNTO: MARTA

Data: 03/09/2008
De: lcvsp

Bom dia...
Gostaria de saber da senhora e de todos candidatos, vocês se esqueceram da tragédia de Congonhas, onde a candidata Marta mandou o povo relaxar e gozar, fico indignado com isso parece que são todos da mesma laia.

RESPOSTA EM ÁUDIO:



ASSUNTO: MACONHA

PERGUNTA 01

Data: 03/09/2008
De: Hilton de Souza Araújo

Soninha,
Você acha que por você ter assumido que era usuária de maconha, isso pode atrapalhar a sua candidatura?

Hilton
São Paulo

RESPOSTA EM ÁUDIO:



PERGUNTA 02

Data: 03/09/2008
De: Alexandre Gontijo

Soninha, você não acha que a legalização da maconha trará muito mais benefícios do que prejuízos, tendo em vista (entre outras coisas) que é uma droga leve e sua legalização atingirá em cheio o tráfico ilegal de drogas, afastará o usuário da erva de drogas pesadas e economizará uma fortuna ao estado, que terá que gastar menos com repressão?
Obrigado.

Alexandre Castro

RESPOSTA EM ÁUDIO:



PERGUNTA 03

Data: 03/09/2008
De: Aldair Tôrres

Candidata,

No seu projeto político-administrativo, consta alguma boa-intenção de se mandar para o legislativo um PL sobre criação de espaços públicos para a prática de uso de drogas sob controle sanitário da sua administração, ou isto seria uma caretice que o PPS não permitiria?

Atenciosamente,
Aldair Tôrres

RESPOSTA EM ÁUDIO:

Never Stop The Music

Trilha sonora de hoje:

- Antes de sair de casa, Carly Simon (“You´re so vain”)

- No caminho para Itaquera, Marisa Monte (“Bem que se quis”, “Rir pra não chorar”, “Chocolate”)

- De Itaquera para a Guarapiranga, Guns’n’Roses (“Sweet Child of Mine”, “Knocking on Heaven’s Door”, “You could Be Mine”)

- À beira da Guarapiranga, “Trem das Onze”, “Vou Festejar”, “Madalena do Jucu”,“Por enquanto”, “Tempos Modernos”

- De lá para o Grajaú, um CD batizado de “De Um Tudo” (Gnarls Barkley, Racionais, Sade e nem me lembro mais o quê)

- Do Grajaú para a Monte Azul, Beatles em versão jazz (“Here comes the sun”, “Can´t buy me love”)

- Na Trópis (Monte Azul), “Deixe a Menina” e vários outros sambas.

- Na Lôca, "Beat It", “A Little Respect”,“Like a Prayer”, “Freedom”, “I´m Free".

Fazia tempo que eu não cantava tanto em um dia só. Mais um dia daqueles... 14 horas “no ar” (sem contar o tempo de computador de manhã); 130 km rodados. Mas cantar (e, no fim de um dia e começo do outro) dançar, foi bom demais.

***

Entre uma música e outra: papel do vereador, moradia, meio ambiente, bicicletas, transporte coletivo, educação, saúde, saneamento básico, segurança, crianças e adolescentes, lazer, mediação de conflito, zoonoses, lixo, educação outra vez, esporte, parcerias, contrapartidas, convênios, iluminação pública, PT, PPS, conduta do Parlamento, mídia, dinheiro, “vou votar em você”, prestação de contas, voto distrital, “adoro você, mas você saiu do PT”, CPI, Comissão de Ética, LGBT, pessoas com deficiência, cadastro falso, cinema, cirurgia, pesquisas, CEUs, escolas de lata, ação judicial, creches, faculdades, distâncias, emprego, desemprego, Subprefeitura, desocupação, desapropriação, cartas de crédito, ratos, pernilongos, “vou votar em você porque você saiu do PT”, buracos, valetas, sarau, futebol, horário eleitoral... Se der um google em todas as palestras, debates e conversas informas que eu tive ao longo do dia, aparecerão todas essas palavras...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Saudade do computador outra vez

Eu queria escrever sobre:

- O plenário nas últimas duas semanas (afe...)

- A Comissão de Administração Pública (idem)

- Trânsito em São Paulo (aqueles comentários básicos de sempre – semáforos de enlouquecer, motoristas enlouquecidos...)

- A campanha eleitoral (contar alguns episódios, comentar notícias publicadas, programas)

- A mídia, sempre a mídia... (hmpf)

- O trem da CPTM (gravei um vídeo com o celular)

- Bicicletas e bicicletários (e não é que tá melhorando o negócio?)

- O novo espetáculo do Ivaldo Bertazzo (já comentei aqui? Incrível)

- A lei das OSs (o debate sobre ela no Fórum de Saúde)

- O debate nos 40 anos da Veja (o de educação foi muito fraco, com uma penca de lugares-comuns: “é preciso valorizar o professor”; “a sociedade tem de abraçar a educação como algo fundamental”, ah vá...) e alguns pontos muito desconectados da realidade (que adianta discutir o currículo dos cursos universitários de formação de professores se o processo seletivo for mal conduzido e o treinamento inexistente?; o de meio ambiente foi melhorzinho. Os outros eu não vi).

- A quantidade de gente que ainda nem sabe que eu existo (chego para reuniões, me apresento na portaria e a recepcionista pergunta: "Seu nome?").

Mas não dá teeeempoooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Um domingo qualquer

Não saí de casa cedo, já era quase meio-dia. Antes disso, tinha apenas respondido a uma entrevista por email (do portal Gastronomia & Negócios). Mas o dia foi longo assim mesmo...

Fomos até o Jardim Capela encontrar um candidato a vereador pelo PPS. Vale a pena olhar no mapa onde é -- só de Estrada do M’Boi Mirim foram mais de 10 km. Quando já estávamos a um passo de nosso destino, reconheci a rua (“rua” é modo de dizer) onde mora minha empregada. Se já não estivesse atrasada, teria dado um pulo na casa dela (e ela vai me xingar amanhã quando souber que passei tão perto).

Nós achamos longe pra danar, indo de carro em um domingo sem trânsito. Pois a Tânia faz esse caminho (Jardim Capela – Perdizes) TODO DIA, e de ônibus. Uma, duas, três conduções diferentes. Cheias. Anda, pára, anda, pára. Desce, espera, sobe, pára.

E ainda é uma pessoa risonha, bem humorada.

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Caminhamos por um lugar chamado Bananal. Agradável, até – por causa das pessoas, risonhas também, afáveis. Muitas estavam sentadas diante de casa, curtindo o sol do fim da manhã, tomando uma cerveja, olhando as crianças brincando. E como tem criança!

Mas o lugar em si é aquele caos – becos, degraus, ladeiras sem calçamento, entulho segurando o barro, cheiro ruim, encanamento improvisado...

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Lamentei não ter um guia de ruas no carro; deixei o meu no Gabinete. Não adianta apenas traçar o caminho no Google Maps – “Vire à direita na rua tal”. A rua “tal” não tem placa. Ficam os vereadores dando nome pra tudo quanto é rua – o que é freqüentemente esculachado, mas tem mais importância do que parece – e as ruas não têm placa, então o que adianta?

E tem a numeração das casas, que sempre me enlouquece. 24, 25, 297, 5-A, 134... Parece que cada um batizou a sua com o número que escolheu, e só por acaso às vezes se forma uma seqüência.

Com o guia de ruas, dá pra contar: “É a décima-terceira travessa à direita depois da avenida”.

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De lá, fomos para um campo de futebol no Piraporinha. Um lugar parecido com vários outros da Zona Sul, em que uma área grande de terra é cercada por barracos empoleirados na encosta. Alguns mais ajeitadinhos, outros de uma miséria assombrosa. Entrei em um inacreditável; já vi cavernas mais convidativas. A mulher vive de bicos aqui e ali; tem um filho de dez ou onze anos que é uma simpatia. Até outro dia, ele era escoteiro; teve de abandonar porque ela não conseguia dinheiro para pagar suas excursões (“Imagina, custava R$45,00, não tenho”).

Uma moça bonita de olhos tristes veio pedir dinheiro para comprar fralda para o filho. “Só tem uma, to na última”. Nossa cicerone no lugar fez sinal para não dar. Me puxou de lado e explicou: “Se você quiser ajudar, compra as fraldas. Se der dinheiro, ela vai gastar em droga”.

Um homem muito, muito bêbado, no ponto em que mal se entendia o que ele falava, ficou muito, muito feliz de me ver, como se me conhecesse há anos (àquela altura, não estava reconhecendo nem a própria mãe). Ele me abraçou várias vezes, carinhosamente, tentando dizer coisas que eu não compreendia (eu tentava responder às poucas palavras reconhecíveis).

No último dos abraços, abriu a carteira para me mostrar seu RG. Dentro do plástico, a foto de um menino pequeno. “Seu filho?”. Sim, sim, sorriu feliz. E fuçou que fuçou na carteira até encontrar um santinho da Sagrada Família, meio amarrotado, indicando que estava com ele há muito tempo. Deu de presente para mim, Fez efusivas recomendações, acho que para eu me cuidar. Nunca mais vou largar meu santinho.

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De lá, voltamos para a Zona Oeste. Do Jardim Capela até a Ponte Estaiada foram 30 km. Passei rapidamente pelo aniversário de um amigo em Pinheiros; um evento em Perdizes foi desmarcado, então voltamos logo à Marginal para um último compromisso no Grajaú. Ou seja: rumo ao sul outra vez.

Fui ao aniversário do Pagode da 27, um dos muitos eventos que eu tinha assinalado na Agenda Cultural da Periferia. Não fui a quase nenhum deles, mas ainda bem que não perdi esse. O pagode é sensacional, com um jogo de mesinhas montado no meio de uma rua estreita, lotada de gente feliz, calorosa.

Na verdade, devo a minha ida a um outro candidato a vereador, que conhece bem o pessoal de lá e sugeriu, há uma semana, que eu reservasse a noite de domingo para isso. Se não fosse assim, é bem possível que não tivesse ido.

Chegando lá, descobri que ele tinha também um outro convidado: Osvaldinho da Cuíca. Uma glória.

É o tipo de balada que dá vontade de dizer: “TEM de ir”. Muito, muito legal, muito verdadeiro, genuíno. Que bom saber que todo domingo à noite as pessoas – centenas de pessoas – desencanam da televisão e vão pra rua ouvir, cantar e dançar um samba.

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E aqui estou eu, de volta depois de 12 horas e 132 km percorridos no domingo. Missão comprida; missão cumprida.