segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Não tem como chegar lá?

Palavra do Ministro das Cidades, Marcio Fortes (PP), sobre pedágio urbano, no UOL:

"Eu sou contra, porque, se não resolver o problema anterior, as pessoas vão pagar o que for preciso para chegar ao centro. É preciso investir em metrô, em bilhetes de integração, em alternativas sem ônus. Não adianta restringir o acesso se a pessoa não tem como chegar lá. A cobrança deve ser a última coisa".

“Alternativa sem ônus”. Como se o congestionamento não tivesse ônus - pesadíssimo, aliás! E como se as pessoas SÓ usassem automóvel por falta de alternativas. A pessoa “tem como chegar lá”, sim - de ônibus, de metrô, de trem, de bicicleta, de moto, a pé ou até mesmo de táxi.

São Paulo é a cidade mais automobilizada do mundo na região central. O índice de carro por habitante é maior na região da Paulista do que no Grajaú – onde as pessoas poderiam dizer, como muito mais razão, que não têm como chegar... Onde o ônibus é pior, os intervalos são maiores, os caminhos mais difíceis.

É preciso investir em metrô, integração, etc. Mas sem desestimular o uso (abusivo, compulsivo, supérfluo) de automóveis , eles vão continuar entupindo as ruas. E pagando mais caro por isso do que a eventual tarifa de pedágio.

Já o diretor-presidente do Denatran, Alfredo Peres, “que também esteve presente ao evento da campanha "Na cidade sem meu carro", do Ministério das Cidades”, manifestou “opinião diferente da apresentada pelo ministro, no que se refere ao pedágio urbano. Peres acredita que a limitação de acesso por meio da cobrança é uma "tendência”."Nenhum político gosta de falar sobre isso, porque não seria algo receptivo pelos motoristas. Mas os municípios têm que decidir em que tipo de cidade querem viver", disse”.

Pena que ele “admitiu que “a solução tem caráter elitista, por penalizar mais a população de baixa renda”.

A população de baixa renda é penalizada pelo congestionamento, pela má qualidade do ar, pela baixa velocidade do ônibus... E, até onde se sabe, a maioria absoluta da população de baixa renda NÃO TEM CARRO. São milhões e milhões andando a pé, de bicicleta, de ônibus, trem e metrô. O pedágio urbano “penaliza” quem tem carro e o utiliza na região central, no horário de mais movimento. Que, mesmo “penalizado” pelo pedágio, sai beneficiado pela redução do congestionamento!