sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Corrida de Obstáculos? Rali? Enduro?

Acaba de acontecer (+ ou – 8:00) mais uma colisão na esquina da minha casa (Apinajés com Bartira). É, no mínimo, a décima desde que vim morar aqui, há três anos. A última que eu tinha presenciado foi em uma madrugada, duas ou três semanas atrás. Ninguém se machucou na colisão, ainda bem, mas um dos motoristas ficou tão nervoso que partiu para cima do outro. A namorada gritava desesperada, o segurança do condomínio tentava apartar... Um tristíssimo espetáculo.

A Apinajés é uma rua bem movimentada, com trânsito nos dois sentidos. Um pouco antes de cruzar a Bartira, ela tem um pequeno aclive seguido de um declive. Ou seja: a visibilidade é muito ruim. Os carros aparecem de repente. E como o estacionamento é permitido de todos os lados, o jeito, para quem vem da Bartira, é meter o bico do automóvel até quase o meio da rua para tentar enxergar. É um sufoco. O motorista de um táxi que faz ponto na rua de cima diz que uma passageira dele se recusa a pegar táxi naquela esquina de tanta raiva que tem daquele cruzamento.

Os moradores do prédio em frente já fizeram abaixo-assinado. Eu já mandei email, ofício, indicação... Nada. Já mandei fotos das várias colisões. Depois de muita insistência, consegui uma resposta do Secretário Municipal de Transportes, a quem a CET responde: “Seu pedido foi aceito. A instalação de semáforo depende apenas da disponibilidade de recursos”.

É o fim da picada. Se fosse em outro lugar, o pessoal já teria queimado pneu no meio da rua. Aí viriam a Globo, a Record, o Datena, e logo sairia o tal do semáforo.

“Disponibilidade de recursos”. Até parece que é assim que funciona... Vereadores com influência sobre a CET conseguem qualquer coisa, em qualquer prazo. “Fechar aquela rua de hoje para amanhã, para um evento de última hora? Sim, claro. Isentar uma firma “amiga” da cobrança por um serviço? Pois não. Colocar floreiras para transformar uma rua comum em rua sem saída? É pra já”. Danem-se os técnicos, os engenheiros.

O pior é que a um quarteirão de distância foi instalado um semáforo absolutamente inútil. São duas ruas de mão única (Bartira e Apiacás), com bem menos movimento, valetas no cruzamento (que já diminuem a velocidade, obrigatoriamente) e uma subida medonha, que só pode ser vencida em primeira marcha e bem devagarinho. Ou seja, as condições do lugar impõem uma travessia lenta, cuidadosa. Mas lá tem o diabo do semáforo.

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Anos atrás, quando o Pitta ainda era o prefeito, eu pedi a instalação de um semáforo de pedestre na esquina da Cardoso de Almeida com a Dr. Arnaldo. Um lugar próximo à estação do metrô e dois pontos de ônibus – ou seja, com muita gente circulando. O acesso da Dr. Arnaldo à Cardoso – uma baita de uma descida naquele trecho – é livre o tempo todo. Quando o semáforo fecha na Dr. Arnaldo, os carros, ônibus, motos e caminhões podem virar à direita do mesmo jeito, sem parar – e, freqüentemente, em alta velocidade. E a visibilidade também é ruim.

Ou seja: os pedestres passam um desespero ali. Dependendo do sentido em que vão, tem de se contorcer para enxergar quem vem por trás. Um absurdo completo.

Pois bem: quando fiz o meu pedido, ele foi analisado e, semanas depois, aprovado pelos técnicos da companhia. “Anote o número do seu protocolo”. Terminou o governo Pitta, e nada. No governo da Marta não tive melhor sorte. Nem no do Serra. O Kassab tá quase indo embora e... nada. Isso porque, já vereadora, eu reforcei o pedido. E o pior: pelo site da prefeitura, obtive a informação de que a solicitação foi atendida!

Acho que da próxima vez que me perguntarem “qual a primeira coisa que você vai fazer como prefeita”, vou dizer: “Mandar instalar o bendito semáforo na esquina da Dr. Arnaldo!”.

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E a programação de tempo dos semáforos da cidade? Eu fico possessa quando passo um tempão parada no sinal vermelho esperando passar... ninguém. Eu e a torcida do Flamengo. O sinal abre, passam cinco ou seis carros, ele fecha de novo. Fica lá a turma esperando à toa outra vez. Gastando tempo e combustível.

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E as placas de itinerário? Santo deus... Além das que faltam, tem as que sobram. É, sobram. Na Cidade Jardim sentido centro, uma placa manda virar à direita antes da Faria Lima para ir em direção à Augusta. Certamente, ela está ali desde que as obras do túnel estavam em andamento, tornando o desvio obrigatório. Agora, para ir à Augusta, é só ir reto!

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Na Marginal Pinheiros sentido Castelo Branco, há uma série de placas novas, bem visíveis, informando a quem está na pista expressa: “Ponte Eng. Roberto Zuccolo – PRÓXIMA SAÍDA À DIREITA”. Quem perder aquela saída está ferrado, tem de ir até a ponte Eusébio Matoso e voltar. Só que a ponte é muito mais conhecida como “Cidade Jardim” – e só na última hora, já em cima do acesso à direita, tem uma placa velha, escurecida, pouco visível, com o nome mais conhecido.

Já a Marginal Tietê sentido Dutra tem uma placa nova avisando: “Próximas pontes: tal, tal e VILA MARIA”. Ótimo, assim você já se prepara com antecedência para acessá-las. Só que eu tinha procurado no mapa o melhor caminho para a Curuçá, e vi que era pela Ponte Jânio Quadros. Que, felizmente eu sei, era um personagem muito ligado à Vila Maria – portanto, foi essa ponte que ele batizou. E se eu não soubesse?

(continua abaixo)

Corrida de Obstáculos (e salto em distância!)

Certa vez, a Comissão de Administração Pública convidou representantes da Emurb para falar sobre as novas placas com nomes de rua (aquelas que destacam o “apelido” da rua, informam a distância daquele ponto até o Marco Zero, etc. Bacanas). Conversando informalmente no fim da reunião, os técnicos da empresa comentaram o quanto eles ficam desesperados com a falta de ordem e critério na instalação de placas pela cidade – um deles mostrou um acervo de fotos de absurdos tiradas com o seu celular. Esquinas com faixas de pedestre transformadas em paliteiro, com postes de todos os tipos – sinal de contramão, estacionamento proibido, conversão proibida, iluminação pública, semáforo, velocidade máxima... Tudo desordenado, com cada uma em um suporte, prejudicando absurdamente a circulação.

Eles comentaram que Londres desenvolveu e está implementando um Plano Diretor de Sinalização, com vistas à Olimpíada de 2012. Achei o máximo. Quero adotar a idéia.

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Isso acabou me dando uma luz em relação às calçadas. Outro dia, alguém me perguntou: “O que você gostaria muito de fazer, mas dificilmente conseguiria concluir em quatro anos de mandato?”. Respondi “arrumar todas as calçadas da cidade”. É dificílimo (mais ainda quando ninguém nem se preocupa com isso, como costuma acontecer). Existem lugares em que elas precisariam ser muito mais largas – quando isso for possível proibindo o estacionamento de automóveis, ótimo, mas às vezes nem assim se resolve. E os aclives acentuados, os degraus absurdos?

Calçada é responsabilidade do proprietário dos lotes. Já existe legislação estabelecendo como deve ser o passeio público – medidas, materiais. É só a prefeitura obrigar os proprietários a cumprir a lei? Hmm... Antes fosse.

Além da questão da largura das ruas e dos aclives, tem outros problemas. As calçadas têm orelhões, lixeiras, caixas de correio, bocas-de-lobo, acesso à rede de telefonia e gás, árvores, floreiras, postes de luz, pontos de ônibus, as placas de trânsito... Como é que o proprietário sozinho vai resolver isso tudo?

Pensei, então, em criar um “Grupo Executivo de Calçadas”. Sediado na Emurb, com representantes de CET, Secretaria de Serviços, de Transportes, das Subprefeituras, empresas e órgãos estaduais. Que elaborasse e ficasse responsável por um Plano Diretor de Calçadas, estabelecendo um rol de ações conjuntas, garantindo recursos e se comprometendo com metas por regiões (x quilômetros em um determinado perímetro da Brasilândia, x quarteirões no Parque Novo Mundo...).

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Ontem, no caminho para a Globo, passei por uma calçada LOTADA de gente em um ponto de ônibus na Berrini. Uma coisa de louco. Não sei se esperavam o transporte público ou fretamentos. Só sei que havia, ali, umas duzentas pessoas.

Um pouco adiante, no mesmo quarteirão, um estacionamento particular. Ou seja, um espaço de espera para automóveis vazios.

Me deu uma vontade imensa de desapropriá-lo e transformar em mini-terminal. Um lugar coberto, com bancos, banca de jornal, lanchonete, banheiros, monitores de TV, floreiras... Totens eletrônicos com informações sobre a cidade, telefones públicos, internet. Onde as pessoas pudessem marcar encontro, esperar o ônibus confortavelmente. Ele continuaria parando no ponto na rua, mas a calçada ficaria desimpedida.

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Que delícia escrever quilômetros do que tenho pensado... Uma assessora do gabinete disse que leu um post em que parecia que eu estava falando do namorado, mas era o computador. “Estava morrendo de saudade, há muito tempo não tinha tempo para ele...”. Pois é, hoje vou ter o prazer de namorar um pouco meu notebook; não tenho nenhum compromisso na rua de manhã. Não vai dar nem para o cheiro – fechar o texto do programa de governo, responder mil entrevistas, entregar (atrasaDÍssima) a coluna da Vida Simples (meu ex-marido chamava esse meu trabalho de “uma farsa” – “Vida Simples, você?”), atualizar sites e blog, revisar o boletim semanal do mandato, avaliar projetos de lei dos quais sou relatora, escrever sobre o plenário (como prometi), sobre a avaliação do Voto Consciente...

Tem gente que nunca está contente. Consegui três horas para trabalhar sozinha, no horário em que meu rendimento é melhor (de manhã), e já estou reclamando que quero mais.

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A MAURREN É OURO!!!!!!!!!!!!!!

Batendo pino

Ontem dormi no sofá, no meio do jogo do Palmeiras (e foi melhor assim). Acordei no meio da madrugada (3 e pouco) com barulho de passarinho (tem um doido que canta a noite toda), achando que era o alarme da moto. Juro que ouvi “este veículo está sendo roubado” entre um chilreio e outro.

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Anteontem, desci – apressada, atrasada como quase sempre – para a garagem sem pegar o capacete da moto. Moro no 13º andar; o elevador é tão lerdo que quando alguém anda nele pela primeira vez pensa que está parado. Chegar à garagem e descobrir que precisa subir tudo de novo é de lascar.

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Hoje fui à Globo participar do SPTV e passei direto pela emissora. Segui dois quarteirões a mais na Berrini, crente que ficava logo adiante. Por sorte (?), o trânsito estava horroroso (é horroroso ali) e, enquanto esperava o sinal abrir, perguntei para uma pessoa na calçada “cadê a Globo?”. Tive de dar a volta no quarteirão – que não é pequeno. Na marginal, passei de novo do ponto certo, peguei o começo da Roberto Marinho e outro pedaço de Berrini parada.

Se eu estivesse de carro, teria fervido e fundido o (meu) motor. Se estivesse de bicicleta, faria meia-volta com a maior facilidade.

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De manhã, saí de uma sabatina promovida por alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco – fiz o maior sucesso; devia ter umas vinte pessoas no enorme Salão Nobre... – e passei pelo bandejão da faculdade. Lotado de gente (80% homens) assistindo à final do futebol feminino na Olimpíada, torcendo fervorosa, sincera e apaixonadamente. Muito legal – exceto pelo resultado.

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Ontem à noite estive no Dom Macário, uma entidade exemplar na Vila Maria, fundada décadas atrás por um monge beneditino. Ela tem núcleos sócio-educativos (que oferecem atividades diversas para centenas de crianças no contra-turno da escola) e cursos profissionalizantes para outras centenas de adolescentes e jovens até 24 anos. Um lugar bonito, bem cuidado, atraente, que só não atende mais gente por falta de recursos – interesse, há de sobra. O curso de panificação, por exemplo, é um sucesso absoluto. E muita gente adoraria que houvesse o de cabelereiro.

A maior parte da grana vem de convênio com a prefeitura, mas ele não cobre todas as despesas. Doações de empresários da região? Tem não.

Por determinação legal, eles só oferecem qualificação profissional para jovens de até 24 anos. Mas participam do programa Ação Família, por meio do qual a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social faz contato com famílias em situação sócio-econômica difícil para inseri-los em programas diversos, na educação, na saúde...

O problema, contam os diretores do Dom Macário, é que o maior desejo das famílias é a requalificação profissional dos adultos. Das pessoas com 30, 40 ou 50 anos. Mas eles não podem atendê-las, então fica uma frustração imensa das duas partes. E o que seria melhor para a reinserção social do que a qualificação para o trabalho, a possibilidade de conseguir um emprego, trabalhar como autônomo ou abrir um negócio, conquistando a autonomia e a saída do sistema de proteção social?

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É tão legal conversar com quem está lá na ponta, com a mão na massa, e ouvir falar dos problemas, das grandes sacadas, dos desafios...

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Quando eles ainda podiam atender pessoas mais velhas, uma senhora de 56 anos fez o curso de eletricista. Quando foi comprar um fio para o ferro de passar, o rapaz da loja entregou um material que ela reprovou: “A amperagem do meu ferro é tal, a voltagem é não sei quanto, esse fio não vai agüentar. Traz um mais grosso”.

Não é uma delícia saber das coisas? Aprender e poder usar?

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Já fiz tanta coisa nos últimos sete dias que nem acredito. Manifestação do Greenpeace no Parque Vila-Lobos. Panfletagem em uma feira livre no Jardim Peri. Assisti a uma exposição (excelente!) sobre a demarcação contínua das terras indígenas na Reserva Raposa Serra do Sol. Dei uma entrevista para um TCC da Metodista (pessoalmente), Rádio Bandeirantes (idem), para o G1 (por telefone), respondi não sei quantas por email (sobre TCM, Plano Diretor, o centro da cidade, juventude, mobilidade, desenvolvimento econômico... Algumas com duas perguntas, outras com doze!). Estive no plenário, onde não aconteceu quase nada (preciso contar como foi na quarta-feira; o “quase nada” é importante, significativo). Fui ao debate da Região Episcopal da Brasilândia no domingo (já contei isso?), da Trópis, na Monte Azul (idem), do Nossa São Paulo na Penha (na segunda à noite). À redação do Grupo 1 de Jornais.

E o que eu deixei de fazer? Ainda não fui à Bienal do Livro, perdi a abertura de uma exposição ontem à noite, desmarquei uma reunião na segunda à tarde...

Devo estar esquecendo algumas coisas, mas agora é que não vou entrar na agenda para lembrar do que fiz. Vou é desligar o computador, comer alguma coisa e dormir na frente da televisão, vendo alguma coisa de Olimpíada. É bonito isso? Não é, mas tá acabando. A próxima (eleição, Olimpíada...) é só daqui a quatro anos.