quarta-feira, 30 de julho de 2008

Orgulho de um PM

Panfletagem no centro hoje na hora do almoço, e as mesmas experiências de sempre.

Tem gente que olha com cara de nojo ou riso de escárnio, como se dissesse "é muita cara-de-pau político vir pedir voto!".

Eu já tive a maior dificuldade para pedir voto. Achava uma coisa horrível, como se eu fosse vendedora porta-a-porta de mim mesma (quando eu era pequena, tinha muito vendedor porta-a-porta: de vassouras, panos de prato, produtos de limpeza, panela, tudo. Eu morria de dó de dizer "não, obrigada, minha mãe falou que não está precisando"... Me dava um aperto no peito!)

Agora eu não peço voto, mas me ofereço como candidata. O resultado é o mesmo, mas eu fico menos envergonhada. "Oi, sou candidata a prefeita, posso deixar um folheto com você?"

Tem gente que pega o folheto logo pra se ver livre da gente. Tem quem pegue por solidariedade, gentileza ou compaixão. Alguns, por curiosidade. Outros por simpatia. E um ou outro por interesse MESMO. Ai.

Mas juro que só vi 3 jogados no chão.

***

Mil histórias pra contar dessa caminhada, mas uma é muito especial.

Estávamos no calçadão perto da Praça do Patriarca, quando um PM apontou para mim e disse: "Olha, fala com eles, quem sabe eles podem te ajudar".

O soldado estava preocupado com uma moça sentada no chão, debulhada em lágrimas. Ela foi a uma das casas de crédito tentar um financiamento, que foi recusado. Chorava desesperada. Ele queria levá-la até a prefeitura, pedir ajuda, informações, mas ela não tinha vontade, energia e confiança para sair do lugar. O PM, muito cordial, muito sereno, disse que ela não podia ficar daquele jeito, que até em se matar ela tinha falado.

A história da moça é de trucidar o coração. Depois eu conto. Mas o PM... O PM foi o máximo. O máximo da sensibilidade, do interesse compassivo, da disponibilidade. Esse só pode ter entrado para a polícia para servir a população, ajudar a promover a segurança, reduzir a violência e o sofrimento.

Que volte para casa hoje orgulhoso de si - mesmo cansado, frustrado, aborrecido por não sei quantos motivos, que pense consigo mesmo (e com a namorada ou esposa, a mãe, os filhos): "Que bom estar nessa vida e poder ajudar as pessoas". Eu nem o conhecia, e fiquei orgulhosa dele.

Uma quarta como outra qualquer

A grande pergunta de hoje foi:

"Como você está se preparando para o debate?"

Resposta:

Estou me preparando há anos!

Há décadas!

Desde que eu era estudante de ginásio e magistério, professora, atriz de teatro amador, aluna da faculdade de cinema, militante de vários movimentos, ongueira, repórter, mediadora de debates... Leitora de livros, jornais e revistas, participante de fóruns, painéis, seminários, pesquisas, congressos, conferências... Usuária da saúde pública, da educação pública, do transporte público... E vereadora. Acumulando experiências, informações, conhecimento. Aprendendo.

Nesses últimos meses de estudo intensivo, falando com servidores municipais lá da ponta, do balcão de atendimento, e especialistas da Universidade; com técnicos e políticos que participaram de várias administrações e cidadãos interessados; aprendi muito mais sobre a cidade. Mas eu já conhecia muito bem uma variedade grande de assuntos e, nos últimos anos, participei de um zilhão de debates. Em uma escola municipal no Jardim Fontales e na Câmara Americana de Comércio; na Fatec e na Poli; em Heliópolis e na FAAP; na TV Comunitária e no Ig; na Rede Vida e no Fórum da População de Rua; no Estadão e na TV Assembléia; em carro de som na porta da Mercedes e no gabinete do Zé Dirceu; na rua; na Câmara Municipal e na ESPN...

Se eu for mal no debate, não há de ser por falta de "preparo".