quarta-feira, 16 de julho de 2008

Diário de domingo (na quarta, fazer o quê?)

Fiquei feliz quando vi, na agenda de campanha no domingo, que o compromisso seria na festa Tanabata Matsuri, na Liberdade. Adoro a história do encontro anual das estrelas: já fui muitas vezes lá pendurar nas árvores meus pedidos por paz, saúde, amor, prosperidade. E passear na feirinha do bairro japonês (e chinês, coreano...) é gostoso em qualquer domingo.


(Normalmente meus pedidos são vagos, abrangentes – “Que todos os amores sejam recíprocos” (santo otimismo). Mas já fiz um pedido bem específico e ele foi atendido com perfeição. Estava duríssima, como fui quase sempre, e queria um determinado emprego, que me pagaria muito melhor e daria um alívio nas contas. Ele veio, no mesmo ano. Esse pedido foi em 94 – alguém aí sabe dizer qual foi o emprego?)

Neste ano do centenário da imigração japonesa, dizem os organizadores, o movimento tem sido maior toda semana. Fomos até lá na hora do almoço, para pegar as ruas cheias. Boa idéia? Mais ou menos. Não dava para andar na praça... Quando chegamos à esquina da Galvão Bueno com a Rua dos Estudantes, finalmente deu para parar e conversar com algumas pessoas.

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Antes de chegar ali, eu também parei e conversei – com donos das bancas, para comprar algumas coisinhas, como ímãs e outros enfeites. Uma assessora minha brincou: “O pessoal do partido vai ter que aprender a fazer campanha com mulher” – é a segunda vez que eu vou a uma feirinha “a trabalho” e paro a cada cinco metros para dizer “Aaaah, olha que bonitinho! Quanto é?”

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Na esquina citada acima, fui abordada por um voluntário da WWF, que não precisou me explicar o que é a entidade (claro que eu conheço) para me convencer a assinar uma ficha de filiação. “Quanto é [a contribuição que preciso me comprometer a fazer]?”. “R$20,00 por mês”, com possibilidade de pagar no cartão. Topei na hora. Aliás, escolhi o valor de R$30,00 – irrecusável.

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Nesse mesmo lugar, uma pessoa veio falar sobre a Lei Seca: “O que você acha?”. “Me parece que o limite e a pena são meio exagerados, mas beber e dirigir não rola mesmo”. “Eu também acho, mas quem quer beber e não quer dirigir...”. Logo vi onde ele ia chegar, e era lá mesmo: “...não tem opção”. Sim, porque é fácil dizer “pega um táxi”, mas com essa tarifa? (Caríssima em São Paulo - mais ainda de madrugada, na bandeira 2). E o transporte coletivo em São Paulo depois da meia-noite é de chorar. Precisa melhorar muito.

Já tentei negociar com a Secretaria Estadual de Transportes (talvez “implorar” fosse um termo mais adequado) para que o metrô funcionasse de madrugada. Eles me explicaram que precisam da noite para tarefas de manutenção – especialmente da linha mais antiga, a norte-sul, que podia (devia) ter recebido mais investimentos nos últimos anos, para não ficar tão antiquada e necessitada de reparos... Para se ter uma idéia, o metrô precisa até fabricar algumas peças de reposição, simplesmente porque elas estão fora do mercado. Não tem onde comprar. O certo era (é) modernizar, tanto quanto possível – mas não dá para fazer tudo ao mesmo tempo, e nesse quesito a CPTM (incomparavelmente mais deteriorada, especialmente a Linha F) precisa de investimentos mais urgentes.

Mas consegui um pequeno avanço: no sábado, o serviço foi estendido em uma hora, e o último metrô sai de cada extremidade da linha à uma da manhã, e não mais à meia-noite. Já é alguma coisa. Dá pra pegar a sessão das dez no cinema... Sem falar no alívio, pelo menos nesse dia, para quem larga o serviço à meia-noite.

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Mais adiante, encontrei o Ivan Valente, candidato pelo PSOL. Queixamo-nos juntos do desinteresse pelo debate dos candidatos “favoritos” – aqueles que, quando estão abaixo dos favoritos, reclamam deles por não irem aos debates...

Ontem teria tido debate no Estadão. Como Marta e Alckmin não puderam ou não quiseram ir, o Estadão cancelou. Ou seja: além de não participar, ainda inviabilizam! (Claro que o jornal podia não ter cancelado...).

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À noite, estive no encerramento do 3º Festival de Cinema Latino-Americano no Memorial da América Latina. Auditório enorme e praticamente lotado. A programação era ótima, eu adoraria ter passado a semana toda vendo os filmes.

Nesse último dia, houve a entrega dos prêmios (entre elas, o de melhor filme segundo o júri popular para “Jogo de Cena”, do Eduardo Coutinho, o melhor filme do festival – (ainda) não vi e (já) gostei :o)) e homenagem ao Fernando Solanas, terminando com a exibição de “Tangos, Exílio de Gardel”, filme dele de 1985.

Também não posso reclamar desse “evento de campanha” – o vice da nossa chapa, o cineasta João Batista de Andrade, foi o criador e é curador do festival. Não fui lá pedir votos, mas sou candidata onde quer que eu vá... Encontrei alguns poucos conhecidos de antigamente, dos meus tempos de estudante de cinema na ECA-USP – esperava encontrar mais. E só não foi um programa mais legal porque o ar-condicionado da sala de exibição estava violentamente forte e eu estava com sono e dor-de-cabeça... Mesmo assim, gostei.

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No dia da convenção do partido, quando confirmamos nossa chapa para a eleição municipal (candidata a prefeita + vice + candidatos à Câmara), o João Batista fez um discurso em que lembrou a participação de um filme equatoriano na segunda edição do Festival. Que tan lejos, de Tania Hermida, venceu, na ocasião, o prêmio de melhor filme no júri popular. Os cineastas do Equador tomaram para si o grito das arquibancadas do futebol – “Si, se puede”, brandido na vitória de sua seleção sobre o Brasil nas Eliminatórias da Copa de 2002.

“Si, se puede”, de fato – os equatorianos venceram a Libertadores 2008... “Yes, we can”, dizem os partidários de Barack Obama, que emplacou a candidatura dos Democratas à presidência (e quem imaginaria isso um ano atrás?)

Si, se puede... Quem disse que não pode? :o)