sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Contagem regressiva

Para a perda dos meus direitos políticos...

Aviso de um vereador “amigo” para um assessor do gabinete: “Você sabe que a Soninha vai ser cassada, não sabe? Mas só depois da eleição”. Como se eu não soubesse que é essa a estratégia.

Ontem, Wadih Mutran trouxe o assunto à tona (aprovação de projetos sempre mediante algum tipo de troca) no microfone de aparte. “Os jornais estão dizendo que a vereadora Soninha foi pressionada. Não foi não. Mas eu queria ver se fosse com eles! O que eles iam fazer se ela falasse deles o que falou dos vereadores !”. Fui lá me defender: “Vereador, vocês confirmaram uma parte do que eu disse e ainda dizem que é assim que tem de ser: para aprovar projetos, tem de haver uma negociação que envolva algum tipo de troca, um acordo. Eu acho que não deveria haver troca nenhuma. Em todo caso, a troca, o acordo, pode ser feito em função do interesse público ou não... Se alguém vota em um projeto que considera ruim porque foi atendido em seu pedido, o interesse público foi prejudicado. Se não vota em projeto bom porque não foi atendido, também. E se vota em troca de dinheiro, não tem nem o que discutir – para mim, a pior das hipóteses, a menos que a gente pense em ameaças de morte...”.

Enquanto eu falava e ele ameaçava retrucar, os vereadores à Mesa, especialmente o presidente, faziam sinais para ele encerrar o assunto ali mesmo. Ele voltou ao microfone apenas para informar, como Corregedor, que recebeu o pedido de abertura do processo contra mim na Corregedoria. Que, apesar do tema estar pegando fogo, não deu quórum ontem...

Claro que eles vão deixar passar as eleições, quando eu tiver menos destaque na mídia, para seguir com o processo. Até parece que muda alguma coisa para mim... Se eles recomendarem a minha cassação, se ela for aprovada em plenário, ok, perco meus direitos políticos por oito anos... E vou lá fazer meus trabalhos com população de rua, internos da Fundação Casa, em favelas e quebradas.

Depois eu volto.

***
Sobre os quatro vereadores que citei na sabatina do Estadão: foram os que eu lembrei, na hora, que já haviam se manifestado publicamente contra esse modelo de tramitação e aprovação de projetos – que é muito lento ou muito acelerado conforme os tais dos acordos políticos. Montoro (atualmente deputado eleito e Secretário de Participação e Parcerias) criticou várias vezes a realização de Congressos de Comissões; Natalini já se indispôs mais de uma vez com os demais, tendo sido inclusive chamado à Corregedoria; Neder também não votou no presidente da Casa na última eleição (como quase toda a bancada do PSDB) e ficou ouvindo gracinhas e desaforos no anexo do plenário; Chico Macena se recusou a acompanhar a bancada na votação do CONPRESP e foi impedido de explicar seu voto contrário no plenário...

Não são os únicos, mas são os que me recordo mais claramente de se manifestar em público. Outros também se queixam, mas reservadamente – não vou expô-los à pressão dos colegas e da imprensa sem saber se eles estão dispostos a isso.