terça-feira, 8 de julho de 2008

Mais bastidores

Na primeiríssima caminhada de campanha, eu estava morrendo de vergonha. Faixas, carro-de-som, gritos, palmas... A noite anterior tinha sido terrível: saí de um evento (encerramento do semestre na Fábrica de Cultura, no Capão Redondo) com um pouco de dor-de-cabeça; queria dar uma passada na festa junina da Casa da Cidade mas voltei da porta, porque já tinha virado uma tremenda dor-de-cabeça. Peguei um táxi pensando: “Desta vez é aneurisma” (pensamento paranóico básico de quem sofre de cefaléias-monstro). Cheguei em casa com uma galopante enxaqueca, das piores que já tive. Nem fazer do-in eu conseguia direito.

Mandei ver logo um analgésico, apaguei a luz e deitei no sofá. Não podia ir para a cama porque ainda tinha coisas para fazer antes de dormir...

Acordei um pouco mais tarde “apenas” com dor-de-garganta forte, daquelas em que você sente alfinetes espetando. Minha filha fez um chá (“Bons Sonhos”) e eu consegui dormir... Até as quatro da manhã, quando o aneurisma, quer dizer, a enxaqueca voltou com tudo. Incrível. Dali a poucas horas, começaria a campanha eleitoral. Que pesadelo!

Bom, sem contar o resto, já dá para imaginar meu estado – meio grogue – no Horto Florestal. Fui ficando mais à vontade aos poucos; afinal, faz parte do ofício. Não posso estar pronta para discutir com empresas de ônibus e de coleta de lixo, vereadores e sindicalistas, empreiteiras e movimentos sociais, jornalistas e demais candidatos etc. mas ficar inibida para pedir voto...

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Ninguém vaiou, fez cara feia ou fugiu do cumprimento. Apenas um homem disse: “Não tenho nada contra você, mas não vou muito com o seu partido. Eu sou Democratas”. Com a maior cortesia.

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Com os candidatos a vereador é mais complicado. Os possíveis eleitores, em geral, não querem nem saber... “Prefeito” é algo que todo mundo conhece e entende (mais ou menos) o que faz. “Vereador” ainda é um pouco misterioso...

Depois de anotar um email para contato com o candidato a vereador, uma pessoa disse para sua acompanhante: “Os caras vêm aqui me encher o saco no domingo, quero ver quando eu ligar para ele amanhã se ele vai me dar alguma coisa”.

É triste.

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Hoje de manhã, estava no computador quando minha filha gritou da sala: “Mãe, tá MUITO cheiro de queimado!”. Corri para lá e vi a cozinha toda esfumaçada – a máquina-de-lavar roupa estava parecendo um caminhão desregulado, ou chaminé de carvoaria. Desliguei correndo. Quinta-feira o técnico vai lá.

O que isso tem a ver com candidatura? Nada e tudo... Afinal, é um pedaço de um dia na vida de uma candidata.