terça-feira, 19 de agosto de 2008

Vamos brincar de ibope? (2)

Entrei no site do Ibope para conseguir informações mais precisas.

Na pesquisa estimulada, em que os eleitores olham para um disco com os nomes dos candidatos, Marta foi a escolhida por 41% dos entrevistados. Alckmin, por 26%.

Do jeito que esse povo ama o Alckmin, é muito esquisito que ele tenha 2/3 dos votos da Marta.

Na espontânea, em que apenas perguntam para o entrevistado “em quem você vai votar?”, sem mostrar nome nenhum, 33% disseram que não sabem ou não quiseram opinar.

33%!

Nessa mesma pesquisa, sabe quantos responderam “na Marta”? 29% (aumentou 5). O Alckmin, 14% (diminuiu 3).

Ou seja, precisa somar os dois para ganhar dos indecisos!!!!

Brancos e nulos somam 11% - o mesmo que Kassab + Maluf (6 + 5).

Indecisos + “não quero falar” + brancos e nulos = 44%. Mais do que Marta e Alckmin juntos.

Mas os analistas ficam discutindo até a possibilidade de a eleição ser decidida ainda no primeiro turno.

Mein gott!

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Expectativa de vitória

O IBOPE Inteligência perguntou aos eleitores quem será o próximo prefeito, independentemente de sua intenção de voto. A percepção para 45% dos entrevistados é a de que Marta será eleita. Já Geraldo Alckmin é citado por 32% e Gilberto Kassab por 6% dos eleitores.

O nome disso é “profecia auto-realizável”.

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Eu continuo com meus 2 ou 1%.

São Paulo é enorme, tem um mundo de gente que nem me conhece, outro tanto que conhece mais ou menos mas não sabe que sou candidata, outros sabem que sou mas mal sabem quem sou, outros sabem e me detestam e não votariam em mim nem para derrotar o Coringa do Batman. Ok. Descontando isso tudo, eu não represento a preferência de uma ou duas pessoas em cada cem. Tenho certeza absoluta de que é mais do que isso.

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Mas... As pessoas que preferem a mim perguntam (perguntam mesmo) “que adianta votar nela, ela não vai ganhar...”

Outros comentários ouvidos por aí: “Eu não vou votar nela [eu], mas quero que ela ganhe pr’aqueles todos lá ficarem com a cara no chão”; “Eu só não vou votar nela porque ela não vai ganhar”, “Eu votaria em você, mas sou amigo do Geraldo, lá de Pinda...”. (É, a gente ouve de tudo!)

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Ouve-se também “eu voto em você porque é bonita”, “eu voto em você porque é simpática”... Mas também “eu decidi votar em você depois do debate”. E “você é mais inteligente do que eu pensava”. (Eu perguntei – ele não pensava que eu fosse “inteligente”).

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Ainda sobre o debate: “Você precisa ser menos jornalista” (nem sei como é isso; o que é “ser jornalista” para “ser menos”); “precisa ser menos boazinha”; “você ficou com medo de ir para cima deles?”; “você precisa apresentar suas propostas na área de saúde”...

EXPERIMENTEM FALAR QUALQUER COISA APROVEITÁVEL EM 90 SEGUNDOS!!!

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Além dos muitos comentários sobre a minha franja (que também me incomodou sobremaneira), ouvi algumas broncas por não ter dito “boa noite”.

É verdade, foi mal. É que quando estou assistindo um debate, eu não faço a menor questão, fico impaciente para que o debatedor responda logo a questão. Então não falei, mas muita gente sentiu falta, se sentiu desrespeitada.

O pior é que ontem eu fui à Rádio Bandeirantes e também fui logo respondendo à primeira pergunta, sem dizer “bom dia”. Ma che estúpida.

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“A gente entende o que você fala!”; “você é a mais lúcida”; “você me inspira confiança”; “você conhece muito bem a cidade”; “que legal que você fala as coisas como elas são mesmo”... Esses comentários eu adorei.

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Voltando à &¨%$ da pesquisa: foram entrevistados 805 eleitores. OITOCENTOS E CINCO. 11 ônibus cheios.

Quero fazer uma experiência – sem nenhum, nenhum valor científico.

Convido todos os interessados/ curiosos a perguntar, para tantas pessoas quanto puderem (quantas puderem?), “em quem você vai votar para prefeito ou prefeita de São Paulo?”

Os entrevistados têm de ser, ao menos, maiores de 18 anos. De preferência, eleitores na capital – mas se for difícil fazer duas perguntas, ok, ficamos com uma só.

Cada entrevistador pode fazer sua listinha simples com as respostas – registrando também as opções “não sei”, “em ninguém”, “não quis responder”, claro.

Não vale perguntar para dois irmãos, pai e mãe e computar quatro votos. Tem de ser uma amostragem variada – o gerente do banco, o segurança, o garçom, o cobrador do ônibus, a advogada da firma, a diretora da escola, o pipoqueiro... Homens e mulheres, zona Norte e zona Sul, jovens e idosos...

Aí todo mundo pode postar comentários aqui: “3 votos para a Marta, 3 para o Alckmin, 2 para o Kassab, um para o Maluf, um para a Soninha, um para o Ivan, dois nulos”. Não vale mentir – caramba, qual seria a graça?

Se 80 pessoas fizerem 10 perguntas cada uma, teremos as 800 entrevistas. Não é difícil. Podemos ter muito mais!

E aí, vamos brincar de ibope?