Acabo de ver um comentário no UOL me chamando de “aventureira” por propor pedágio urbano em São Paulo.
Como se fosse bom pra mim propor uma cobrança de pedágio, quando ninguém quer pagar mais nada... Bela “aventura” eu fui arrumar.
(“Aventureiro” é propor, ao mesmo tempo, “redução de impostos” e “8 pistas novas sobre o rio Tietê”. Digamos que essa fosse uma boa idéia, seria paga com quê? Impostos, eu suponho).
Outros comentários dizem: “É essa a idéia mágica para acabar com o trânsito?”
Pelo jeito, leram a manchete e não a entrevista... Eu disse que NÃO existe UMA solução para o trânsito. Metrô não é A solução. Corredor de ônibus não é A solução. Rodízio de caminhões não é a solução. Proibir estacionamento nas ruas não é a solução. Ciclovias e pedágio urbano não são a solução. Muitas ações combinadas são a solução – inclusive a redução da demanda por deslocamentos; a redução das distâncias entre casa e trabalho, por exemplo, para acabar com os milhões de viagens forçadas de todos os dias. Senão, não haverá metrô, trem, ônibus e ruas que dêem conta satisfatoriamente dessa multidão.
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Outro dia, em um posto de gasolina, o frentista reclamava comigo, sem nem saber quem eu era: “O pessoal fica falando que a gente tem de deixar o carro em casa. Mas cadê o transporte coletivo de qualidade?”
Perguntei: “Você tem carro?”. “Não!” Ele anda de ônibus... Até já teve carro, mas vendeu porque não conseguiu pagar as contas.
Muita gente anda de ônibus e é contra a cobrança de pedágio urbana. Ouve a palavra “pedágio” e já tem calafrios. Nem imagina que não vai pagar pedágio nenhum... Não pensa que já paga muito caro pelo congestionamento causado, principalmente, por automóveis particulares...
O pior não é quem não sabe o que é, como funciona e para que serve pedágio urbano. É quem não quer saber – e fala mal assim mesmo, de bate-pronto.